O Gestor Intermediário bancário e a Cultura do Management

Autores

  • Elisangela Carpenedo de Mattos Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
  • Álvaro Roberto Crespo Merlo Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

DOI:

https://doi.org/10.17058/psiunisc.v1i1.9685

Palavras-chave:

Saúde do Trabalhador. Psicodinâmica do Trabalho. Trabalho Bancário. Gestores Intermediários.

Resumo

O presente trabalho se propõe a apresentar parte dos resultados de uma pesquisa qualitativa, viabilizada por meio de entrevistas semiestruturadas e analisadas à luz da Psicodinâmica do Trabalho, realizada com gestores intermediários, trabalhadores de um banco estatal. Nesta, nos propomos a estudar as articulações entre saúde mental e trabalho, mais especificamente a dinâmica prazer-sofrimento no trabalho de bancários que ocupam cargo de gestores intermediários em um banco, localizado no estado do Rio Grande do Sul, em diversas agências, de diferentes cidades do interior. Apresentamos, neste artigo, as relações entre uma maior ou menor adesão aos novos modos de gestão e as consequências aos trabalhadores. Dentre os achados mais relevantes, consideramos que uma maior adesão à cultura do management produz estratégias defensivas mais efetivas, permitindo aos trabalhadores que continuem trabalhando. Por outro lado, a baixa adesão a esses novos modelos satura as defesas, ocasionando mais vivências de sofrimento e, mesmo, o risco de adoecimento.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Elisangela Carpenedo de Mattos, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

Possui graduação em Psicologia pela Faculdade da Serra Gaucha (2013), graduação em Química Industrial de Alimentos pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (1998) e especialização em Tecnologia de Alimentos pela Universidade de Santa Cruz do Sul (1999). Mestre em Psicologia Social e Institucional pela UFRGS e doutoranda de Psicologia Social e Institucional na UFRGS. Integrante do Laboratório de Psicodinâmica do Trabalho PPGPSI/UFRGS. Tem experiência na área de Psicologia, com ênfase em Psicologia Organizacional e do Trabalho. 

Álvaro Roberto Crespo Merlo, Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)

É médico do Trabalho, Especialista em Saúde Pública pela Université Paris I (Panthéon-Sorbonne) em 1979, Doutor em Sociologia pela Université Paris VII (Denis Diderot) em 1996. Atualmente é Professor Titular da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, atua na Faculdade de Medicina, no Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e Institucional da UFRGS e é Professor Médico-Assistente do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, no Serviço de Medicina Ocupacional/Ambulatório de Doenças do Trabalho e na Residência em Medicina do Trabalho. Atua na área de Psicologia, com ênfase em Psicodinâmica e Clínica do Trabalho e na área da Medicina, com ênfase em Medicina do Trabalho. Líder do Grupo de Pesquisa Laboratório de Psicodinâmica do Trabalho da UFRGS.

Referências

Brasil. (2012). Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 466/2012. Diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, DF.

Aguiar, V. B. (2013). Psicodinâmica da relação gestor-equipe: análise do prazer-sofrimento no trabalho em uma organização pública. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação do Instituto de Psicologia. Universidade de Brasília, Brasília, DF.

Andreazza, J. P. (2008). O trabalho contemporâneo e os efeitos da flexibilização no trabalho do setor administrativo. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional do Instituto de Psicologia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

Antunes, R. (2002). Adeus ao trabalho? Ensaio sobre as metamorfoses e a centralidade do mundo do trabalho. 6ª ed. São Paulo/SP: Boitempo.

Antunes, R. (2014). Desenhando a nova morfologia do trabalho e suas principais manifestações. In: Merlo, A. R. C., Bottega, C. G., & Perez, K. V. (Orgs.). Atenção à saúde mental do trabalhador: sofrimento e transtornos psíquicos relacionados ao trabalho. Porto Alegre: Evangraf, p. 30- 51.

Baierle, T. C. (2007). Ser um segurança em tempos de insegurança: sofrimento psíquico e prazer no trabalho da Guarda Municipal de Porto Alegre. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional do Instituto de Psicologia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

Barreto, M., & Heloani, R. (2014). Assédio moral como instrumento de gerenciamento. In: Merlo, A. R. C., Bottega, C. G., & Perez, K. V. (Orgs.). Atenção à saúde mental do trabalhador: sofrimento e transtornos psíquicos relacionados ao trabalho. Porto Alegre: Evangraf, p. 30- 51.

Benjamin, W. (2012). Experiência e Pobreza. In: Magia e Técnica, Arte e Política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras Escolhidas I. São Paulo: Brasiliense.

Bottega, C. G. (2014). A hora do “bom-dia” – apontamentos para a composição da linha de cuidado em saúde do trabalhador no sistema único de saúde (SUS). In: Merlo, A. R. C., Bottega, C. G., & Perez, K. V. (Orgs.). Atenção à saúde mental do trabalhador: sofrimento e transtornos psíquicos relacionados ao trabalho. Porto Alegre: Evangraf, p. 244 - 268.

Bottega, C. G. (2015). Clínica do Trabalho no Sistema Único de Saúde: Linha de Cuidado em Saúde mental do trabalhador e da trabalhadora Porto Alegre. Tese de Doutorado, Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional do Instituto de Psicologia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

Braverman, H. (1987). Trabalho e capital monopolista: a degradação do trabalho no século XX. 3ª ed. Rio de Janeiro/RJ: Editora Guanabara S.A.

Carrasqueira, F., Moraes, R. M. De, & Soboll, L. A. (2014). Desejo de carreira, flexibilidade e engajamento: o perfil do trabalhador de sucesso na Cultura do Management. In: Soboll, L. A., & Ferraz, D. L. da S. (Orgs.). Gestão de Pessoas: armadilhas da organização do trabalho. São Paulo, SP: Atlas, p. 217-232.

Chanlat, J. (2011). O desafio social da gestão: a contribuição das ciências sociais. In: Bendassolli, P. F.;, & Soboll, L. A. P. (Orgs). Clínicas do Trabalho: Novas perspectivas para compreensão do trabalho na atualidade. São Paulo: Atlas, p. 110-131.

Cruz, V. A. G. da. (2009). Metodologia da Pesquisa Científica: Administração VI. São Paulo: Pearson Prentice Hall.

Cardoso, M. R. (2001). Christophe Déjours. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, 4(2), 89-94. DOI: https://dx.doi.org/10.1590/S1516-14982001000200007.

Dejours, C. (1989). Trabalho e saúde mental: da pesquisa à ação. In: Dejours, C., Abdoucheli, E., & Jayet, C. (Orgs). Psicodinâmica do trabalho: contribuições da escola dejouriana à análise da relação prazer, sofrimento e trabalho. 1ª ed. – 10ª reimpr. - São Paulo: Atlas, p. 45-65, 2009.

Dejours, C. (2004). Subjetividade, trabalho e ação. Production, 14(3), 27-34. DOI: https://dx.doi.org/10.1590/S0103-65132004000300004.

Dejours, C. (2004a). A Metodologia em Psicopatologia do Trabalho. In: Lancman, S., & Sznelwar, L.I. Christophe Dejours - Da Psicopatologia à Psicodinâmica do Trabalho. Rio de Janeiro : Ed. Fiocruz, Brasília : Paralelo, p.105-126.

Dejours, C. (2007). A banalização da injustiça social. Trad. Luiz Alberto Monjardim. 7ª ed. – 8ª reimpr. – Rio de Janeiro: Editora FGV.

Dejours, C. (2008). Trabalho, tecnologia e organização: avaliação do trabalho submetida à prova do real. In: Sznelwar, L. I., & Mascia, F. L. (Orgs.) Cadernos de TTO, nº 2. São Paulo: Blucher.

Enriquez, E. (2006). O homem do século XXI: sujeito autônomo ou indivíduo

descartável. RAE-eletrônica, v. 5, n. 1, Art. 10. Disponível em:

http://www.scielo.br/pdf/raeel/v5n1/29568.pdf.

Foucault, M. (1995). O sujeito e o poder In: Dreyfus, H., & Rabinow, P. Michel Foucault: uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. Rio de Janeiro: Forense Universitária.

Gagnebin, J. M. (2012). Prefácio: Walter Benjamin ou a história aberta. In: Magia e Técnica, Arte e Política. Ensaios sobre literatura e história da cultura. Obras Escolhidas I. São Paulo: Brasiliense.

Gaulejac, V. de (2007). Gestão como doença social: ideologia, poder gerencialista e fragmentação social. Trad. Ivo Storniolo. Aparecida/SP: Ideias & Letras, 2007.

Gaulejac, V de (2011). A NGP: a Nova Gestão Paradoxal. In: Bendassoli, P. F., & Soboll, L. A. P. (Orgs.). Clínicas do trabalho: novas perspectivas para compreensão do trabalho na atualidade. São Paulo: Atlas, p. 84-98.

Gernet, I., & Dejours, C. (2011). Avaliação do trabalho e reconhecimento. In: Bendassoli, P. F., & Soboll, L. A. P. (Orgs.). Clínicas do trabalho: novas perspectivas para compreensão do trabalho na atualidade. São Paulo: Atlas, p. 61-70.

Harvey, D. (1992). Condição Pós-moderna: uma pesquisa sobre a origens da mudança cultural. São Paulo: Loyola.

Jacques, M. Da G. C., & Amazarray, M. R. (2006). Trabalho bancário e saúde mental no paradigma da excelência. Boletim da Saúde, Porto Alegre, v. 20, n. 1. Disponível em: http://www.medtrab.ufpr.br/arquivos%20para%20download/saude_mental/TRABALHO%20BANC%C1RIO%20E%20SA%DADE%20MENTAL%20NO%20PARADIGMA%20DA%20EXCEL%CANCIA.pdf.

Jost, R., Fernandes, B., & Soboll, L. A. (2014). A subjetividade do trabalhador nos diferentes modelos de gestão. In: Soboll, L. A., & Ferraz, D. L. S. (Orgs.). Gestão de pessoas: armadilhas da organização do trabalho. São Paulo: Atlas, p. 3-15.

Merlo, A. R. C., & Barbarini, N. (2002). Reestruturação produtiva no setor bancário brasileiro e sofrimento dos caixas executivos: um estudo de caso. Psicologia & Sociedade, 14(1), 103-122. DOI: https://dx.doi.org/10.1590/S0102-71822002000100007

Merlo, A. R. C.; Lapis, N. L. (2007). A saúde e os processos de trabalho no capitalismo: reflexões na interface da psicodinâmica do trabalho e da sociologia do trabalho. Revista Psicologia & Sociedade; 19 (1): 61-68. Disponível em: http://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/20503/000613661.pdf?sequence=1&locale=pt_BR.

Merlo, A. R. C.; Mendes, A. M. B. (2009). Perspectivas do uso da psicodinâmica do trabalho no Brasil: teoria, pesquisa e ação. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho; vol.12, n. 2: 141-156. DOI: http://dx.doi.org/10.11606/issn.1981-0490.v12i2p141-156.

Motta, F. C. P.; Vasconcelos, I. F. G. de. (2006). Teoria Geral da Administração. 3ª ed. São Paulo: Cengage Learning.

Netz, J. A.; Amazarray, M. R. (2005). A organização dos trabalhadores na resistência às práticas discriminatórias: um olhar acerca da subjetividade, saúde e trabalho. Revista Virtual Textos & Contextos, Porto Alegre, n. 4. Disponível em: http://revistaseletronicas.pucrs.br/fzva/ojs/index.php/fass/article/view/1003/783.

Netz, J. A.; Mendes, J. M. R. (2006). O massacre dos trabalhadores bancários e a ação sindical: sobrejornadas, metas excessivas, pressão, medo, práticas gerenciais autoritárias versus práticas preventivas. Boletim da Saúde, Porto Alegre, v. 20, n. 1, p. 93-105. Disponível em: http://www.boletimdasaude.rs.gov.br/conteudo/1352/o-massacre-dos-trabalhadores-bancarios-e-a-acao-sindical:-sobre-jornadas,-metas-excessivas,-pressao,-medo,-praticas-gerenciais-autoritarias-versus-praticas-preventivas.

Perez, K. V. (2012). “Se eu tirar o trabalho, sobra um cantinho que a gente foi deixando ali”: clínica da Psicodinâmica do Trabalho na atividade de docentes do ensino superior privado. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional do Instituto de Psicologia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

Robbins, S. P.; Coulter, M. (1998). Administração. 5ª ed. Rio de Janeiro: Prentice-Hall do Brasil.

Santos, C. L. S. dos. (2013). Trabalho bancário em tempos de sofrimento psíquico: metas e sobrevivência. Dissertação de Mestrado, Programa de Pós-graduação em Psicologia Social e Institucional do Instituto de Psicologia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS.

Seligmann-Silva, E. (2011). Trabalho e desgaste mental: o direito de ser dono de si mesmo. 1ª Ed. 1ª Reimpr. São Paulo: Cortez.

Taylor, F. W. (1995). Princípios de administração científica. Trad. Arlindo Vieira Ramos. São Paulo: Atlas.

Traesel, E. S., & Merlo, A. R. C. (2014). "Somos sobreviventes": vivências de servidores públicos de uma instituição de seguridade social diante dos novos modos de gestão e a precarização do trabalho na reforma gerencial do serviço público. Cadernos de Psicologia Social do Trabalho, 17(2), 224-238. Recuperado em 10 de maio de 2017, de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1516-37172014000300006&lng=pt&tlng=pt.

Weber, L.; Grisci, C. L. I. (2010). Trabalho, gestão e subjetividade: dilemas de chefias Intermediárias em contexto hospitalar. Cad. EBAPE.BR, Rio de Janeiro, v. 8, n. 1, p. 53-70. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1679-39512010000100005.

Downloads

Publicado

2017-07-02

Como Citar

de Mattos, E. C., & Merlo, Álvaro R. C. (2017). O Gestor Intermediário bancário e a Cultura do Management. PSI UNISC, 1(1), 97-112. https://doi.org/10.17058/psiunisc.v1i1.9685

Edição

Seção

Artigos