A saúde mental para todos que bordeje o mal estar de cada um: a resistência da psicanálise as estratégias biopolíticas em psiquiatria ampliada
DOI:
https://doi.org/10.17058/psiunisc.v2i2.10921Palavras-chave:
Psiquiatria ampliada. Biopolítica. Sofrimento psíquico. Subjetividade. Psicanálise.Resumo
Os discursos em psiquiatria ampliada e seu projeto biopolítico de gestão das condutas não patológicas ocupam hoje um lugar hegemônico na problematização do sofrimento psíquico e dos modos de subjetivação nele entrelaçado. Assim, objetivamos, mediante a introdução de uma discussão sobre a dimensão ética em Psicanalise, apontar uma posição de resistência, sugerindo um modo diferenciado deste estabelecido pelo biopoder, para pensarmos o estatuto do sofrimento psíquico na atualidade.Constituímo-nos enquanto um estudo teórico conceitual orientado pela perspectiva genealógica de Michel Foucault. Composta por um conjunto de princípios metodológicos para a análise das formas do exercício do poder, a genealogia nos possibilita apreender a medicalização dos sofrimentos e comportamentos não patológicos, assim como a preocupação psiquiátrica pelos pequenos desvios e fracassos, como uma estratégia biopolítica. O discurso de ampliação da psiquiatria é produto de uma história atravessada por relações de poder, imprescindíveis à fabricação da subjetividade contemporânea. Absolutamente, só há poder porque há possibilidade de resistência. Por isso, inferimos, com a psicanalise, que o sofrimento psíquico constitui-se como um antipoder dos indivíduos em face do poder psiquiátrico e seu processo normalizador.
Downloads
Referências
Albuquerque, K. M. (2015). Freud, a racionalidade médica e a construção do objeto psicopatológico na psicanálise: um estudo epistemológico. Estudos Interdisciplinares em Psicologia, 6(1), 54-64. doi: 10.5433/2236-6407.2015v6n1p54.
Arenas, A. (2011). La salud de todos sin la segregacion de cada uno. In Glaze, A, Brisset, F. O. B, & Monteiro, M. E. D. (orgs.). (2011). A saude para todos, não sem a loucura de cada um: perspectivas da psicanálise. Rio de Janeiro, RJ: Wak Editora.
Assoun, P.-L. (1996). Metapsicologia freudiana: uma introdução. (D. D. Estrada trad.). Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar.
Benoit, P. (1988). Psicanálise e medicina: teoria e casos clínicos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Cancina, P. H. (2008). La investigatión en psicoanálisis. Rosário: Argentina: Homo Sapiens Ediciones.
Caponi, S. (2012a). Loucos e degenerados: uma genealogia da psiquiatria ampliada. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz.
Caponi, S. (2012b). Classificar e medicar: a gestão biopolítica dos sofrimentos psíquicos. Interthesis, 9(2), 101-122. Recuperado de http://dx.doi.org/10.5007/1807-1384.2012v9n2p101
Caponi, S. (2009). Biopolítica e medicalização dos anormais. Physis: Revista de Saude Coletiva, 19(2), 529-549. Recuperado de http://dx.doi.org/10.1590/S0103-73312009000200016
Castro, E. (2016). Vocabulário de Foucault: um percurso sobre seus temas, conceitos e autores. Belo Horizonte: Autêntica.
Clavreul, J. (1983). A ordem médica: poder e impotência do discurso médico. São Paulo: Editora Brasiliense.
Dunker, C. (2011). Estrutura e constituição da clínica psicanalítica: uma arqueologia das práticas de cura, psicoterapia e tratamento. São Paulo: Annablume.
Ehrenberg, A. (2004). Les Changement de la Relation Normal – Pathologique. Revue Esprit, p.133-156, Paris: France.
Fink, B. (1998). O sujeito lacaniano: entre a linguagem e o gozo. (M. L. D. Sette trad.). Rio de Janeiro, RJ: Jorge Zahar.
Foucault, M. (2010a). Os anormais: curso no Collège de France (1974-1975) (E. Brandão, trad.). São Paulo: Martins Fontes.
Foucault, M. (2010b). Em defesa da sociedade. (1975-76). (M. E. Galvão trad.). São Paulo: Martins Fontes.
Foucault, M. (2010c). Crise da medicina ou crise da antimedicina. Verve, 18(1), 167-194.
Foucault, M. (2006a). O poder psiquiátrico: curso dado no Collège de France (1973-1974).Trad. E. Brandão. São Paulo: Martins Fontes.
Foucault, M. (2006b). A hermenêutica do sujeito. Curso dado no College de France (1981-1982). Trad. M. A. Fonseca. São Paulo: Martins Fontes
Foucault, M. (1995). Sujeito e poder. In H. L. Dreyfus; P. Rabinow. Michel Foucault: uma trajetória filosófica: para além do estruturalismo e da hermenêutica. (pp. 231-249). Rio de Janeiro: Forense Universitária.
Foucault, M. (1988). História da sexualidade I: a vontade de saber. (13ª edição). (M. T C. Albuquerque trad.) Rio de Janeiro: Edições Graal.
Foucault, M. (1984). O nascimento da medicina social. In Foucault, M. Microfísica do poder. (pp. 79-98). (R. Machado trad.) Rio de Janeiro: Edições Graal.
Freud, S. (1996a). Totem e tabu. In Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, Vol. XIX. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho originalmente publicado em 1913).
Freud, S. (1996d). O mal estar na civilização. In Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, Vol. XXIII. Rio de Janeiro: Imago. (Trabalho originalmente publicado em 1930).
Fuks, B. B. (2007). Freud e a cultura. Rio de janeiro, RJ: Jorge Zahar.
Gaspard, J. L. (2012). Discurso médico e clínica psicanalítica: colaboração ou subversão. In Rudge, A. M., & Besset, V. (orgs.). (2012). Psicanálise e outros saberes. Rio de Janeiro: Cia de Freud.
Gori, R. & Del Volgo, M.-J. (2009). La santé totalitaire; essai sur la médicalisation de l’existence. Paris: Champs Essais.
Lacan, J. (2010). O seminário livro 3 as psicoses. Rio de Janeiro: JZE.
Lacan, J. (2008a). A ciência e a verdade. In Lacan, J. (2008). Escritos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Lacan, J. (2008b). O seminário livro 7 a ética da psicanálise. Rio de Janeiro: JZE.
Lacan, J. (1998). O seminário livro 11 os quatro conceitos fundamentais da psicanálise. Rio de Janeiro: JZE.
Le Blanc, G. (2007). Les maladies de l’homme normal. Paris: J. Vrin.
Lins, M. I. (1996). O saber psicanalítico: uma questão também de ética. In França, M. I. (org.). Ética, psicanálise e sua transmissão. Petrópolis, RJ: Vozes.
Machado, R. (2007). Foucault, a ciência e o saber. Rio de Janeiro: Zahar.
Miller, J.-A. (2011). Saúde mental e ordem pública. In Glaze, A, Brisset, F. O. B, &Monteiro, M. E. D. (orgs.). (2011). A saúde para todos, não sem a loucura de cada um: perspectivas da psicanálise. Rio de Janeiro, RJ: Wak.
Ventura, R. (2012). A psicanálise e o cuidado de si: entre a sujeição e a liberdade. Revista EPOS, 3(2).
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais e científicas desde que citada a fonte conforme a licença CC-BY da Creative Commons.