O papel do smartphone no desenvolvimento do ciclo vital conjugal

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17058/psiunisc.v7i2.18396

Palavras-chave:

Ciberdependência , Psicologia, Relacionamento conjugal, Smartphone

Resumo

A tecnologia da informação e comunicação alterou a natureza dos relacionamentos interpessoais. Se, de um lado, o smartphone ganha representatividade no relacionamento conjugal, oferecendo múltiplas formas de comunicação, de outro a atenção exclusiva e o uso excessivo do aparelho celular causam distanciamento dos parceiros conjugais. Este estudo objetivou compreender as funções do smartphone no relacionamento conjugal em diferentes etapas do ciclo vital. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, de corte transversal, e caráter descritivo e exploratório. Participaram 20 indivíduos heterossexuais que constituíam 10 casais coabitantes, residentes no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil, que responderam individualmente um questionário sociodemográfico e uma entrevista semiestruturada online. Os dados foram submetidos à análise temática, da qual evidenciou-se dois temas: 1) O papel do smartphone no ciclo vital conjugal; 2) A pandemia e as mudanças no uso do smartphone. Os resultados foram analisados pela teoria sistêmica e mostraram que o uso do smartphone permeia o relacionamento conjugal ao longo de seu desenvolvimento e tanto potencializa as adversidades das diferentes etapas do ciclo vital conjugal como oferece recursos para o casal resolver as dificuldades encontradas nesse percurso. Além disso, o aumento do uso do dispositivo em decorrência da pandemia Covid-19 intensifica a complexidade da relação conjugal.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ionara dos Santos Pereira, Atitus Educação

Mestra em Psicologia (Atitus Educação/2023 - Passo Fundo/RS). Especialista em Dinâmica das Relações Familiares e Conjugais (Atitus Educação/2016). Especialista em Gestão em Responsabilidade Social (PUC Minas/2012). Psicóloga, graduada pela Universidade de Passo Fundo/RS (UPF/2021). Assistente Social, graduada pela Universidade Luterana do Brasil (ULBRA Carazinho/2006). Atua como psicóloga clínica de indivíduos, casais e famílias. É servidora pública, assistente social da Prefeitura Municipal de Passo Fundo, desde 2012. Possui experiência em atendimento a crianças e adolescentes, e famílias em situação de risco e violações de direitos.

Cláudia Cenci, Atitus Educação

Doutora em Psicologia Clínica pela PUCRS (2016).  Docente do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Atitus (Passo Fundo/RS) desde 2017. Coordenadora do Núcleo de Estudos e Intervenções em Indivíduos, Casais e Famílias (Grupo de Pesquisa NEFAC) desde 2017. Coordenadora da Formação em Terapia Ecossistêmica da Família, do Indivíduo e do Casal (IMED/PF) de 2018/2021. Atua também como Docente na Graduação em Psicologia da Atitus (Passo Fundo/RS) desde 2007. Desenvolve pesquisas com ênfase em relações familiares e conjugais, novas configurações relacionais no ciclo de desenvolvimento familiar relacionado aos seguintes temas: dinheiro e conjugalidade, conflitos conjugais e familiares, tecnologias da Informação e da Comunicação (TICs), entre outras.

Referências

Água, J., Lourenço, M. G., Patrão, I., & Leal, I. (2019). Partner Phubbing (PPhubbing): Validação portuguesa. Psicologia, Saúde & Doenças, 20(1), 234-241. doi: 10.15309/19psd200119

American Psychological Association [APA]. (2019). Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (7. ed.). Washington, DC: APA.

Andolfi, M., & Mascellani, A. (2023). Intimidade de casal e tramas familiares. Belo Horizonte: Artesã.

Andrades, B. A., Delatorre, M. Z., & Wagner, A. (2021). Qualidade conjugal: paralelo entre a perspectiva de casais e instrumentos de medida. Revista de Psicología, 39(2), 497-530. doi: 10.18800/psico.202102.001

Bernardi, D., Mello, R., & Féres-Caneiro, T. (2019). Ambivalências frente ao projeto parental: vicissitudes da conjugalidade contemporânea. Revista da SPAGESP, 20(1), 9-23. doi: 10.4013/ctc.2018.112.02

Boechat, I. T., Cabral, H. L. T. B., & Souza, C. H. M. de. (2017). Relacionamentos virtuais e família: Enlaces interculturais. Revista Internacional de Folkcomunicação, 15(35), 141-164. doi: 10.5212/RIF.v.15.i35.0008

Braun, V. & Clarke, V. (2012). Thematic analysis. In H. Cooper, P. M. Camic, D. L. Long, A. T. Panter, D. Rindskopf, & K. J. Sher (Eds.). APA Handbook of Research Methods in Psychology (pp. 5-701). American Psychological Association.

Bröning, S., & Wartberg, L. (2022). Attached to your smartphone? A dyadic perspective on perceived partner phubbing and attachment in long-term couple relationships. Computers in Human Behavior, 126, 1-11. doi: 10.1016/j.chb.2021.106996

Canezin, P. F. M., & Almeida, T. de. (2015). O ciúme e as redes sociais: Uma revisão sistemática. Pensando Famílias, 19(1), 142-155. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/penf/v19n1/v1-9n1a12.pdf

Cerveny, C. M. de O., & Berthoud, C. M. E. (2010). Visitando a família ao longo do ciclo vital. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.

Chan, M. (2018). Mobile-mediated multimodal communications, relationship quality and subjective well-being: An analysis of smartphone use from a life course perspective. Computers in Human Behavior, 87, 254–262. doi: 10.1016/j.chb.2018.05.027

Conselho Nacional de Saúde. (2012). Resolução nº 466. Recuperado de http://conselho.saude.gov.br-/resolucoes/2012/reso466.pdf

Conselho Nacional de Saúde. (2016). Resolução nº 510. Recuperado de http://conselho.saude.gov.br-/resolucoes/2016/Reso510.pdf

Conselho Nacional de Saúde. (2021). Orientações para procedimentos em pesquisas com qualquer etapa em ambiente virtual. Recuperado de http://conselho.saude.gov.br/images/Oficio_Circular_-2_24fev2021.pdf

Costa, C. B. da, & Mosmann, C. P. (2015). Relacionamentos conjugais na atualidade: percepções de indivíduos em casamentos de longa duração. Revista da SPAGESP, 16(2), 16-31. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/rspagesp/v16n2/v16n2a03.pdf

Dantas, C. R. T., Féres-Caneiro, T., Machado, R. N., & Magalhães, A. S. (2019). Repercussões da Parentalidade na Conjugalidade do Casal Recasado: Revelações das Madrastas. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 35, 1-9. doi: 10.1590/0102.3772e3545

Delatorre, M. Z., & Wagner, A. (2021). A relação conjugal na perspectiva dos casais. Ciencias Psicológicas, 15(1), 1-20. doi: h10.22235/cp.v15i1.2355

Delatorre, M. Z., Maesima, G. M.; Coelho, L. R. M, & Wagner, A. (2022). O ciclo de vida de casais brasileiros: Uma revisão integrativa. Psicologia Clínica, 34(1), 191 – 204. Recuperado de http://www.psi.puc-rio.br/site/images/psi_puc/publicacoes/psi3401.pdf

Esteves de Vasconcellos, M. J. (2013). Pensamento sistêmico: o novo paradigma da ciência (10 ed.). Campinas, SP: Editora Papirus.

González-Rivera, J., Segura-Abreu, L., & Urbistondo-Rodríguez, V. (2018). Phubbing en las relaciones románticas: Uso del celular, satisfacción en la pareja, bienestar psicológico y salud mental. Interacciones: Revista de Avances en Psicología, 4(2), 81-91. doi: 10.24016/2018.v4n2.117

Gritti, A., Salvati, T., Russo, K., & Catone, G. (2020). Covid-19 pandemic: A note for psychiatrists and psychologists. Journal of Psychosocial Systems, 4(1), 63-77. doi: 10.23823/jps.v4i1.70

Haack, K. R., & Falcke, D. (2017). Rel@cionamentos.com: Diferenciando os relacionamentos amorosos mediados e não mediados pela Internet. Revista Colombiana de Psicologia, 26(1), 31-44. doi: 10.15446/rcp.v26n1.53241

Hertlein, K. M., & Ancheta, K. (2014). Clinical application of the advantages of technology in couple and family therapy. The American Journal of Family Therapy, 42(4), 313–324. doi: 10.1080/01926187.2013.866511

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística [IBGE]. (2021). Pesquisa Nacional por Amostra à Domicílios Contínua. Recuperado de https://sidra.ibge.gov.br/tabela/7356#resultado

Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística [IBOPE]. (2018). Mais da metade dos brasileiros não consegue ficar um dia longe do celular. Recuperado de https://tecnologia.ig.com.br/2019-02-22/brasileiros-nao-ficam-sem-celular.html

Leggett, C., & Rossouw, P. J. (2014). The impact of technology use on couple relationships: A neuropsychological perspective. International Journal of Neuropsychotherapy, 2(1), 44-99. Recuperado de https://www.thescienceofpsychotherapy.com/the-impact-of-technology-use-on-couple-relationships/

Li, X. (2021). Mobile-Mediated Communication in Romantic Relationships: The Effects of Communication Indicators and Love Attitude on Relationship Quality. Cyberpsychology, Behavior and Social Networking, 24(7), 480-487. doi: 10.1089/cyber.2020.0675

Ligman, K., Rodriguez, L. M., & Rocek, G. (2021). Jealousy and electronic intrusion mediated by relationship uncertainty in married and cohabiting couples during COVID-19. Cyberpsychology, Behavior, and Social Networking, 24(7), 444-449. doi: 10.1089/cyber.2020.0669

Maziero, M. B., & Antunes de Oliveira, L. (2017). Nomofobia: uma revisão bibliográfica. Unoesc & Ciência - ACBS, 8(1), 73–80. Recuperado de https://periodicos.unoesc.edu.br/acbs/article/view/11980

McDaniel, B. T., & Coyne, S. M. (2016). “Technoference”: The interference of technology in couple relationships and implications for women’s personal and relational well-being. Psychology of Popular Media Culture, 5(1), 85–98. doi: 10.1037/ppm0000065

McDaniel, B. T., & Radeski, J. S. (2018). Technoference: Parent Distraction With Technology and Associations With Child Behavior Problems. Child Development, 89(1), 100-109. doi: 10.1111/cdev.12822

McDaniel, B. T., Galovan, A. M. & Drouin, M. (2020). Daily technoference, technology use during couple leisure time, and relationship quality. Media Psychology, 24(5), 637-665. doi: 10.1080/15213269.2020.1783561

McGoldrick, M., & Shibusawa, T. (2016). O ciclo vital familiar. In F. Walsh (Org.), Processos normativos na família (pp. 375-398). Artmed. doi: 10.1037/ppm0000065

Mendes-Campos, C., Féres-Carneiro, T., & Magalhães, A. S. (2020). Extimidade virtual e conjugalidade: Possíveis repercussões. Psicologia: teoria e prática, 22(1), 285-299. doi: 10.5935/1980-6906/psicologia.v22n1p285-299

Minayo, M. C. de S. (2017). Amostragem e saturação em pesquisa qualitativa: Consensos e controvérsias. Revista Pesquisa Qualitativa, 5(7), 01-12. Recuperado de https://editora.sepq.org.br/rpq/article/view/82

Minuchin, S. (1984). Familias y terapia familiar. Buenos Aires: Gedisa.

Neumann, D. M. C., & Missel, R. J. (2019). A Influência da Tecnologia nas Relações Entre Pais e Filhos Adolescentes. Pensando Famílias, 23(2), 75-91. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/penf/v23n2/v23n2a07.pdf

Nichols, M. P. & Schwartz, R. C. (2007). Terapia familiar: conceitos e métodos. Porto Alegre, Artes Médicas.

Nina-Estrella, R., Montero-López Lena, M. & Manríquez Betanzos, J. C. (2020). Phubbing, comunicación tecnológica y calidad de la relación de pareja. Revista Iberoamericana de Psicología, 13(3), 38-48. Recuperado de https://reviberopsicologia.ibero.edu.co/article/view/1906

Oliveira, G. L., & Ribeiro, A. P. (2021). Relações de trabalho e a saúde do trabalhador durante e após a pandemia de COVID-19. Cadernos de Saúde Pública, 37(3). doi: 10.1590/0102-311X00018321

Oliveira, T. S., Rocha Neto, M. P., Barreto, L. K. S., Brito, L. M. P., & Pinheiro, L. V. S. (2020). 'Tenho Celular, Logo Existo' - Um Estudo da Nomofobia na Formação de Futuros Gestores. Revista de Administração da Unimep, 18(1), 91-110. Recuperado de http://www.spell.org.br/documentos/ver/57936/-tenho-celular--logo-existo----um-estudo-da-nomofobia-na-formacao-de-futuros-gestores/i/pt-br

Oliveira, R. S., Barros, B. M. C, & Goulart, G. M. (2016). As tecnologias da informação e comunicação na (des)construção das relações humanas contemporâneas: implicações do uso do aplicativo Tinder. Revista Brasileira de Direito, 12(1), 88-99. doi: https://doi.org/10.18256/2238-0604/revistadedireito.v12n1p88-99

Porreca, W. (2019). Relação conjugal: Desafios e possibilidades do “nós.” Psicologia: Teoria e Pesquisa, 35(número especial), 1-12. doi: 10.1590/0102.3772e35nspe7

Primo, A. (2020) Afetividade e relacionamentos em tempos de isolamento social: intensificação do uso de mídias sociais para interação durante a pandemia de COVID-19. Revista Comunicação & Inovação, 21(47), 176-196. Recuperado de

https://seer.uscs.edu.br/index.php/revista_comunicacao_inovacao/article/view/7283/3187

Roberts, J. A., & David, M. E. (2016). My life has become a major distraction from my cell phone: Partner phubbing and relationship satisfaction among romantic partners. Computers in Human Behavior. 54(1), 134-141. doi: 10.1016/j.chb.2015.07.058

Scheeren, P., Neumann, A. P., Gryzbowsky, L. S., & Wagner, A. (2015). Como se caracterizam os conflitos conjugais? In: A. Wagner, C. Mosmann, D. Falcke. Viver a dois: Oportunidades e desafios da conjugalidade (pp. 41-65). São Leopoldo, RS: Editora Sinodal.

Schulz, C., & Colossi, P. (2020). A Transmissão Transgeracional dos Modelos Conjugais. Pensando Famílias, 24(1), 45-66. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-494X2020000100005

Tissot, D. W., & Falcke, D. (2017). A conjugalidade nas diferentes etapas do ciclo vital familiar. Quaderns de Psicologia, 19(3), 265-276. doi: 10.5565/rev/qpsicologia.1399

Vinuto, J. (2014). A amostragem em bola de neve na pesquisa qualitativa: Um debate em aberto. Temáticas, 22(44), 203-220. doi: 10.20396/tematicas.v22i44.10977

Wagner, A., Mosmann, C. P., Scheeren, P., & Levandowski, D. C. (2019). Marriage and Conflict Resolution. Paidéia, 29, 1-9. doi: 10.1590/1982-4327e2919

Wagner, A., & Delatorre, M. Z. (2018). A conjugalidade e suas transformações nos diferentes estágios do ciclo vital. In M. A. dos Santos; D. Bartholomeu; J. M. Montiel (Eds.), Relações interpessoais no ciclo vital: Conceitos e contextos (pp. 271-284). Brasília, DF: Vetor.

Wang, X., Zhao, F., & Lei, L. (2021). Partner phubbing and relationship satisfaction: Self-esteem and marital status as moderators. Current Psychology, 40, 3365–3375. doi: 10.1007/s12144-019-00275-0

Yang, H., Liu, B., &Fang, J. (2021). Stress and Problematic Smartphone Use: Smartphone Frequency and fear of Missing Out as Mediators. Frontiers in Psychiatry, 12, 1-8. doi: 10.3389/fpsyt.2021.659288

Yin, R. K. (2016). Compreendendo a pesquisa qualitativa. In R. K. Yin (Ed.), Pesquisa qualitativa do início ao fim (pp. 3-18). Porto Alegre, RS: Editora Penso.

Downloads

Publicado

2023-07-26

Como Citar

dos Santos Pereira, I., & Bosetto Cenci, C. M. (2023). O papel do smartphone no desenvolvimento do ciclo vital conjugal. PSI UNISC, 7(2), 193-211. https://doi.org/10.17058/psiunisc.v7i2.18396

Edição

Seção

Artigos