Existir no mapa: interfaces entre cartografia social e intervenção comunitária
DOI:
https://doi.org/10.17058/psiunisc.v8i2.19080Palavras-chave:
Cartografia social, Psicologia comunitária, MapaResumo
O mapa é um instrumento de poder, não estar no mapa significa ter sua existência apagada do mundo. Este artigo propõe reflexões acerca da potência existente na aproximação entre a psicologia comunitária, desde uma perspectiva de intervenções comunitárias e a cartografia social enquanto método de pesquisa. Para isso, aborda-se a simbologia do mapeamento, trazendo ao centro da análise o filme brasileiro Bacurau (2019) como interlocutor destas reflexões. A cartografia social como instrumento de construção de conhecimento coletivo possibilita uma aproximação com a comunidade, bem como a produção de pistas acerca das fragilidades e potências dos territórios por meio de diversas formas de elaboração de mapeamentos que encontram na escuta a oportunidade de leitura acerca da realidade social. Assim, cartografar em psicologia comunitária é uma forma de fazer existir no mapa e no mundo, através dos sons, imagens e narrativas que foram sendo silenciados na história das comunidades. Este artigo tem como uma das principais contribuições ao conhecimento em psicologia comunitária a compreensão de que a cartografia social é uma ferramenta teórico-metodológica essencial na formação de uma escuta e análise crítica em psicologia.
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