Algumas estruturas de governança no interior da Bahia, de Minas Gerais e de São Paulo: mais inércia institucional e menos modernização política entre 2002 e 2014
DOI:
https://doi.org/10.17058/redes.v25i3.15161Palavras-chave:
Jogo Social. Instituições. Atores. Legitimidade. Desenvolvimento sustentável territorial.Resumo
Este trabalho expõe e analisa alguns resultados da pesquisa “Governança territorial no Brasil: especificidades institucionais, lógicas espaciais e políticas de desenvolvimento”, guiado pela seguinte questão: as estruturas de governança reforçam a inércia institucional ou, pelo contrário, são indícios de modernização política? Partindo do pressuposto de que a função básica das estruturas é a cooperação, a hipótese poder ser expressa pela seguinte afirmação: a inércia institucional e a tendência à estabilidade presente nas relações entre atores dificultam a cooperação e a participação ao legitimar comportamentos relativamente inadequados na busca pelo desenvolvimento sustentável territorial. Porém, as dificuldades de cooperação também podem indicar um processo de modernização política. A análise dos dados e o desenvolvimento da hipótese foram feitos através de um modelo simplificado da realidade, o jogo, formado pelas interações entre atores e instituições. Mudanças na legitimidade institucional modificam os comportamentos dos atores e podem ser descritos como um processo de modernização política. Entretanto, os dados coletados indicaram que a cooperação e a participação são truncadas no âmbito das estruturas durante o período estudado (2002-2014), sugerindo que o seu funcionamento pode ser caracterizado mais pela inércia institucional e menos pela modernização política.Downloads
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