Trajetória Sociotécnica da Vitivinicultura do Pampa Gaúcho: análise da necessidade dos fatores multiníveis
DOI:
https://doi.org/10.17058/redes.v29i1.17193Palavras-chave:
Transição , Fatores Multiníveis, Análise Qualitativa Comparativa, Análise de Necessidade, VitiviniculturaResumo
A região do Pampa Gaúcho se caracteriza por várias transições agropecuárias em curso. Nessa região, historicamente, predominou a atividade de pecuária de corte. Um dos processos de transição que tem tido maior visibilidade, atualmente, é a produção de uvas e vinhos, com estabelecimento de novas vinícolas e áreas de produção de variados tamanhos. Apesar do destaque recente, sabe-se que este é um processo que está em transição há décadas. Pesquisas anteriores já identificaram as fases de evolução e os fatores associados à trajetória. Este estudo tem por objetivo identificar quais destes fatores foram os que mais contribuíram ao longo da trajetória sociotécnica dos vinhos do Pampa Gaúcho. Para isto, realizou-se um conjunto de dez entrevistas com experts e o exame de documentos através da análise de necessidade proposta pelo Método de Análise Qualitativa Comparativa – QCA. Foi possível identificar treze fatores necessários ao longo da trajetória. Entretanto, há especificidades da necessidade dos níveis e fatores ao longo do processo de transição. A complexidade cresceu na última fase de evolução. Nesta fase, os fatores do nicho foram necessários, inclusive a formação de redes e atividades de gestão do nicho com vistas à identificação e ao aproveitamento de oportunidades e alinhamento dos esforços de aprimoramento do nicho. Estes resultados nos permitem concluir que os três níveis da trajetória sociotécnica (Paisagem, regime e nicho) são necessários no processo de evolução, indicando que não há um no qual sempre seja decisivo.
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