Chamada dossiê v. 14 n. 1 (2025): Ecocrítica e Intermidialidade
Nessa edição da revista Rizoma, propomos reunir trabalhos que, partindo da constatação da ineludível crise climática que vivemos, examinem como o diálogo entre mídias na literatura e nas artes em geral tematiza e lê o posicionamento humano frente ao mundo natural, ao mesmo tempo em que, tentando deslizar da postura autocentrada, indaga qual a presença deste mundo natural, enfim, qual a representação dos ecossistemas e dos biomas, da flora e na fauna, na constituição dos textos literários e demais configurações midiáticas.
A abordagem ambientalista, que vem sendo definida como Ecocrítica, não é uma ideia nova nem pode ser reduzida a modismo acadêmico, especialmente nos contextos em que a propalada interação ser humano e meio ambiente está alicerçada em projetos coloniais e imperiais. O debate é premente pois, embora os efeitos das mudanças climáticas se façam sentir em nível planetário, um dos maiores obstáculos à tomada de ações concretas circunscreve-se à incapacidade de as pessoas se implicarem no processo e perceberem como essas mudanças podem afetar suas vidas cotidianas. Neste sentido, importante investigar como as configurações intermidiáticas provocam abalos nesta espécie de cegueira autocentrada, transformando ameaças em alertas, trazendo à cena artístico-literária procedimentos sociais e políticos que desvinculam as causas de seus efeitos.
Teoricamente, este dossiê articula duas áreas de estudos recentes, nascidas e difundidas concomitantemente - a Ecocrítica (GARRARD, 2006) e a Intermidialidade (CLÜVER, xxxx), reunidas pioneiramente por J∅rgen Brunh (2023) como Ecocrítica Intermidiática. O constante trânsito de conteúdos de uma mídia a outra, bem como a prática frequente de releituras de literatura e(m) adaptações intermidiáticas têm favorecido o olhar crítico sobre estabelecidas concepções de como o ser humano se posiciona frente à crise ambiental. Os trabalhos, então, podem incluir abordagens tanto teóricas quanto analíticas; estudos comparados de literatura e outras mídias; propostas voltadas à formação; desde de que articulem a perspectiva ecocrítica com a relação entre as mídias e suas múltiplas linguagens.
Organizadores:
Cristine Fickelscherer de Mattos (UPM)
Maria Cristina Cardoso Ribas (UERJ)
Previsão publicação:
Rizoma v. 14 n.1 (2025)
Referências:
ALETRIA. v. 33 n. 2 (2023): Literatura, Artes e mídias: Ecocrítica intermidiática. Disponível em: https://periodicos.ufmg.br/index.php/aletria/issue/view/2126. Consulta em 19 dez 2024.
ARMBRUSTER, K. Creating the world we must save: the paradox of television nature documentaries. In: KERZUDGE, R.; SAMMELS, N. (Eds). Writing the Environment. London: edBooks, 1998.
BRUHN, J∅rgen; NIKLAS, Salmose. Intermedial ecocriticism: The Climate Crisis Through Art and Media. Lanham: Lexington, 2023.
GARRARD, Greg. Ecocrítica. tradução de Vera Ribeiro. Brasília : Editora Universidade de Brasília, 2006.
KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. 2 ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2020.
LOVE, G. A. (2003). Practical Ecocriticism. Literature, Biology, and the Environment. Charlottesville and London: University of Virginia Press.
MENDES, M. do C. No princípio era a Natureza: percursos da Ecocrítica. Anthropocenica (Revista De Estudos Do Antropoceno e Ecocrítica), n.1., 2020. Disponível em: https://doi.org/10.21814/anthropocenica.3100. Consulta em 19 dez 2024.
OPPERMANN, S. Teorizando a Ecocrítica. Para uma Prática Ecocrítica Pós-Moderna. Tradução de José Eduardo Reis. Faculdade de Letras da Universidade do Porto: Instituto de Literatura Comparada Margarida Losa e Edições Afrontamento, 2019.