A literatura da Shoah no Brasil: o frágil corpo humano em A morte de um carrasco, de Joseph Nichthauser
DOI:
https://doi.org/10.17058/signo.v45i82.14309Palavras-chave:
Shoah. Judeus. Joseph Nichthauser. Violência.Resumo
No século XX, com a Primeira e Segunda Guerras Mundiais, viu-se o surgimento de um novo homem. Trata-se de um homem não mais dotado de forças heroicas capazes de resistir à violência dos novos tempos, mas de um homem fragilizado, vulnerável e debilitado. Esse sentimento de impotência tomou conta principalmente daqueles que foram vítimas dos regimes autoritários e totalitários. No contexto internacional, particularmente, após a Segunda Guerra, muitos judeus, devido à dizimação por que passaram e à violência que sofreram, saíram da Europa em busca de uma vida menos indigna em outros países do mundo. O judeu brasileiro Joseph Nichthauser é um exemplo de sobrevivente da Shoah nazista. Vítima da fome, das perdas irreparáveis, das doenças e dos trabalhos forçados, viu na escrita um meio para encontrar e atribuir um sentido para sua vida. Em 1972, publica Quero viver... memórias de um ex-morto, e, em 2003, lança A morte de um carrasco. O objetivo deste trabalho é analisar a violência e a opressão exercidas sobre os corpos dos judeus nos campos de concentração, a animalização a que eram submetidos, a desautorização de suas crenças religiosas e o próprio processo de imigração por que passaram, tendo como base o segundo livro publicado pelo autor. A reflexão sobre esses itens é importante porque permite a construção de uma nova ética, um novo ponto de vista para se pensar a humanidade, as relações humanas e as minorias. Para o embasamento desta proposta, buscou-se respaldo em autores como Elaine Scarry e Walter Benjamin.Downloads
Referências
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