As memórias ficcionais de um cárcere factual: relendo a H(h)istória nas memórias literárias de Graciliano Ramos
DOI:
https://doi.org/10.17058/signo.v48i92.18133Palavras-chave:
Memórias do Cárcere, Literatura, História, (re)leituraResumo
Ao pensarmos as construções linguísticas humanas, podemos compreender, em uma relação recíproca, que a História pode tratar da Literatura, assim como a Literatura pode ler (e contar) a História. Nesse sentido, estabelece-se uma relação que desestabiliza uma série de pressupostos, como, por exemplo, os limites entre realidade e ficção. Como seria possível separar o que é real e o que é criação ficcional? Talvez não se trate disso. Talvez o principal e mais fortuito modo de lidar com a questão seja, precisamente, trabalhar com a possibilidade do hibridismo. Sendo que esse, então, proporciona uma amplitude que não afasta, mas aproxima a Literatura e a História, tendo-as como complementares uma à outra. A partir disso, buscamos um estudo do texto Memórias do Cárcere (1953), de Graciliano Ramos, pensando-o não apenas como criação narrativa poética, mas também como registro histórico. Para isso, deve-se levar em conta, ainda, o contexto de produção e, posteriormente, de publicação do livro, lembrando que foi escrito em um período histórico no qual ainda não se mencionava, livremente, a repressão sofrida pelos presos políticos no governo de Getúlio Vargas. Destarte, a sua trama narrativa pode ser lida como relativização ou até mesmo desconstrução do discurso oficial da época, divulgado por inúmeros meios de circulação. Propomo-nos, então, por fim, a observar o texto de Graciliano como linguagem literária que permite uma releitura da história.
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