Do estrangeiro em sua corporeidade: notas sobre ética na tradução literária
DOI:
https://doi.org/10.17058/signo.v46i87.16497Keywords:
experiência ética, estética da tradução, fidelidade, hospitalidade, tradução literáriaAbstract
Este artigo apresenta uma reflexão teórica a respeito da ética na tradução literária, considerando o profícuo diálogo entre perspectivas epistemológicas que concebem o ato tradutório enquanto atividade relacional por excelência. Em outras palavras, objetiva evidenciar em que medida a tradução, como fenômeno linguístico, literário e cultural, mobiliza uma atitude ética do tradutor frente a uma alteridade. Esta reflexão também mobiliza considerações a partir de termos fundamentais dos estudos da tradução literária (fidelidade, experiência, intraduzibilidade, estrangeiro, estrangeiridade, analítica da tradução, transferência, hospitalidade, diferença, entre outros), no intento de postular a importância da tradução e dos tradutores na história, na constituição das literaturas e nas formações de identidades culturais. Para tanto, valeremo-nos, principalmente, dos postulados de Antoine Berman (2002, 2013) e Jacques Derrida (2002, 2003, 2004), a fim de sublinhar que à tradução subjaz uma ética ocupada com a corporeidade estranha dos textos.Downloads
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