Da ‘metáfora ontológica’ à semiótica do faz de conta: dando forma e substância a objetos fictícios da concepção com o ‘gesto do globo’

Autores

  • Jean-Remi Lapaire Université Bordeaux Montaigne - FRANCE

DOI:

https://doi.org/10.17058/signo.v41i70.6413

Palavras-chave:

Multimodalidade. Corporificação. Gestos metafóricos. Metáfora ontológica. Retificação conceptual. Nomes. Substantivos.

Resumo

Falantes são seres cognoscitivos em movimento que se engajam em atos corpóreos de conceptualização. O “gesto do globo” está entre as formas mais impressionantes do “pensamento manual” (Streeck 2009) usados no discurso formal. Uma caracterização da ação gestual típica do “gesto do globo” primeiramente fornecida mostra como “a imagem de um objeto delimitado e suportável ” é criado (McNeill 1992) e estabelecida no espaço do gesto. À medida que objetos conceptuais são criados e massas de substância semântica são moldadas, um formato visível é concedido a representações mentais originalmente sem formato. Um artifício semiótico poderoso é realizado com um simples artefato cognitivo. Interessantemente, uma propensão a suspensão da descrença é requisitado de falantes e ouvintes que devem temporariamente abandonar suas concepções racionais de visibilidade, materialidade e palpabilidade para observarem a manipulação simbólica de objetos invisíveis. As propriedades expressivas básicas do “gesto do globo” são caracterizadas como: delineamento e isolamento de objetos de concepção; neutralização da especificação semântica; estabelecimento de um foco de atenção e imaginação; moldagem, exposição e unificação do conteúdo; criação de um senso de realidade e existência através da presença física. Modificações icônicas da configuração metafórica padrão, elaborações virtuosas e combinações criativas são finalmente examinadas antes de relatar os resultados de um estudo experimental das propriedades heurísticas do “gesto do globo” em um ambiente controlado. 14 estudantes participaram de um seminário multimodal no qual tinham de usar as mãos na configuração do “pensamento coreográfico” (Forsythe 2013) e desenvolver a compreensão táctil de derivação, nominalização, substantivação e reificação conceptual. O “gesto do globo” agiu como um facilitador, desde que um alto grau de generalidade fosse mantido, mas foi prontamente descartado quando palavras com um forte apelo emocional foram introduzidas (ex. tristeza, loucura). Por outro lado, emblemas e gestos icônicos foram realizados espontaneamente.

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Publicado

2016-03-14

Como Citar

Lapaire, J.-R. (2016). Da ‘metáfora ontológica’ à semiótica do faz de conta: dando forma e substância a objetos fictícios da concepção com o ‘gesto do globo’. Signo, 41(70), 29-44. https://doi.org/10.17058/signo.v41i70.6413

Edição

Seção

vol. 41, nº 70 – Metáfora e metonímia: múltiplos olhares