O reconhecimento do ensaio jornalístico como forma de aumentar a longevidade de reportagens brasileiras
Palabras clave:
Ensaio, Reportagem, JornalismoResumen
O ensaio é uma forma de escrita reconhecida há séculos. O gênero, que muitos atribuem a Montaigne, não é restrito à academia, mas ocupa as páginas de jornais, revistas, websites, e mantém uma surpreendente fidelidade à sua forma tradicional quando se torna roteiro de video essays. Não raro, o trabalho de jornalistas como Joan Didion e Gay Talese são coletados das páginas de revistas e publicados em volumes de ensaios. Se o gênero reportagem, graças à sua função social e histórica, é percebido como algo efêmero, o ensaio escapa a esse destino. Assim, reconhecer textos jornalísticos como ensaios ajuda a lhes dar merecido prestígio, prolongando sua longevidade ainda que sua natureza tenha algo em comum com os artigos jornalísticos mais efêmeros. No Brasil, certos textos de caráter ensaístico nunca são reconhecidos como tal, sendo esquecidos nas páginas de revistas ou websites sem jamais receber o prestígio que mereceriam, justamente por não serem vistos como ensaios, mas como opiniões ou reportagens que, em teoria, não sobreviveriam por longo tempo ou seriam atrativos em coletâneas. O objetivo desse trabalho é demonstrar que muitos textos jornalísticos brasileiros são de fato ensaios. Considerando textos reconhecidos como ensaios jornalísticos em países anglófonos e vários dos mais importantes trabalhos sobre o ensaio, esse trabalho demonstra que vários textos que são publicados entre nós como reportagens ou artigos jornalísticos teriam mais longevidade se reconhecêssemos que pertencem ao mais prestigiado gênero do ensaio.
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