Biografias de vivos: reconfigurações narrativas da escrita biográfica

Résumé

Nosso trabalho se propõe a verificar as reconfigurações biográficas provocadas pelas mudanças ocorridas na ficção contemporânea e nas narrativas do eu. Nossas inquietações partem das inúmeras biografias lançadas a contar do final da década de 1990, no Brasil, e na seguinte, até o contemporâneo, quando percebemos uma ruptura, as quais sofrem alterações, que representam uma emergência fruto de uma reconfiguração de um novo tempo de sociedade, além de um rearranjo narrativo das biografias. Nesse momento, um número crescente de biografias passa a narrar a vida de personagens ainda vivos, os quais participam como coautores de suas próprias obras e, não menos importante, muitas vezes sendo os personagens e narradores das histórias de suas vidas. Em face disso, pesquisamos a biografia como sintoma da sociedade contemporânea e da ascensão das narrativas reais, ou – como afirma a pesquisadora Paula Sibila (2008) – “fome pelo real” – a qual afeta as narrativas biográficas, reconfigurando-as. Assim, para compreendermos de forma mais clara como isso acontece analisaremos a biografia de vivos, como acomodamentos de ordem sistêmica nos moldes de Niklas Luhmann (2010), uma vez que existe uma emergente reconfiguração tanto no que se refere à produção quanto à recepção, ou seja, um modelo potencialmente distinto de produção de sentido, sem uma determinada linearidade, conforme Fausto Neto (2018). Dessa forma, observaremos a emergência de um estilo de narrativas biográficas de vivos.