Leituras da ficção contemporânea: entre temas e estilos

Resumo

Há uma tendência da crítica em inquietar-se com as abordagens políticas da literatura de ficção contemporânea, porque esta seria a causa de uma suposta entrega dos aspectos artísticos desta literatura a aspectos ideológicos. Segundo a observação de A extinção das abelhas (2021), O avesso da pele (2021), O som do rugido da onça (2022) e Torto arado (2019), algumas das obras mais distribuídas nos últimos anos no Brasil, percebe-se que, de fato, as agendas políticas do momento tomam conta das suas temáticas, e embora a crítica volte-se a este aspecto do regime estético atual, trata-se de apontamentos descritivos, no campo da impressão, há ainda carência de análise e interpretação do progressismo do regime atual. Por isso que uma chave proposta para a leitura coerente do regime literário contemporâneo deve ser os conceitos de integração e diferenciação em Candido (1975)  atualizados à situação do capitalismo dos anos 2020. Os resultados desta abordagem confirmam e contradizem a crítica, afinal, de fato há uma tematização política especial, mas isso não diminui a potência de estilo da obra, se há déficit de virtuosidade artística em uma obra não é devido ao seu comprometimento com certos temas.