SOBREPESO E OBESIDADE E SUA RELAÇÃO COM ALTERAÇÕES GENÉTICAS E LIPÍDICAS EM ESCOLARES

ELISA INES KLINGER, CÉZANE PRISCILA REUTER, MIRIA SUZANA BURGOS, PÂMELA FERREIRA ODENDI, LIA GONCALVES POSSUELO, ANDREIA ROSANE DE MOURA VALIM

Resumo


A obesidade é cada vez mais reconhecida como uma doença com presença de desordem inflamatória crônica resultante da interação de certos polimorfismos em genes com o ambiente. A Proteína C Reativa-Ultra Sensível (PCR-US) é caracterizada como proteína de fase aguda, sendo considerada um marcador sensível de inflamação e dano tecidual. Em resposta à inflamação a PCR-US é estimulada por citocinas, particularmente a IL-6, IL-1 e TNF-α±. O tecido adiposo produz citocinas inflamatórias que estão associadas à obesidade, induzindo a um estado inflamatório crônico e a IL-6, apesar de ser essencial para a redução de processos inflamatórios agudos, em estados crônicos pode assumir um papel pró-inflamatório. O objetivo desta pesquisa foi em verificar a possível associação de polimorfismos em IL-6 e PCR-US com sobrepeso, obesidade e o perfil lipídico em escolares de Santa Cruz do Sul. Foi realizado um estudo transversal com 85 escolares na faixa etária de 7 a 17 anos de idade, sendo 68,2% (58) meninas. A média de idade dos sujeitos envolvidos na pesquisa foi de 15,01± anos. A genotipagem dos polimorfismos IL-6 rs2069845G/A, IL-6 rs1800795C/G e PCR-US rs1205C/T foi realizada através de PCR em tempo real, utilizando o sistema Taqman no aparelho StepOne Plus®. A obesidade foi avaliada utilizando o índice de massa corporal (IMC) e os exames bioquímicos foram realizados com kits comerciais DiasSysTM e KovalentTM, tendo sido medidos os níveis de Glicose, Colesterol Total (CT), Colesterol LDL e Triglicerídeos (TG). Também foram avaliadas circunferência da cintura (CC), percentual de gordura (%G) e pressão arterial sistólica (PAS) e diastólica (PAD). O tratamento estatístico se deu através do programa SPSS 20.0, por comparação de médias, através do teste t-Student e estatística descritiva. De acordo com o IMC, 84,7% dos escolares possuem peso normal e 15,3%, sobrepeso/obesidade; quanto à CC, 91,8% apresentaram normal e 8,2%, elevada, e para o %G, 8,2% foram considerados baixo, 52,9%, ótimo e 38,8%, moderadamente alto/muito alto; já para o PAS e PAD, respectivamente, 80% dos escolares são normais para ambos, 16,5% e 9,4%, limítrofe, e 3,5% e 10,6%, considerados hipertensos. Referente aos níveis de Glicose, 2,4% dos sujeitos foram classificados como pré-diabéticos, quanto ao CT, 15,3% estavam aumentados, o LDL em 29,4% dos escolares estava acima do normal e os TG estavam aumentados em 7,1% dos sujeitos. O polimorfismo da IL-6 rs2069845 foi identificado em 27,1% dos escolares com genótipo de risco maior (GG), já o da IL-6 rs1800795 foi observado em 22,4% para o genótipo de risco maior (CC), e quanto ao polimorfismo rs1205 no gene da PCR-US, 9,4% dos escolares apresentaram o genótipo maior risco (CC). A média do LDL entre os indivíduos com o genótipo de risco (CC) foi superior da PCR-US rs1205 129,75 ± 24,71, enquanto os outros alelos (TC - 115,09 ± 27,46 e TT - 116,70 ± 26,73) e para CT e %G as médias foram superiores também. Os indivíduos com genótipo GG (risco) no polimorfismo IL-6 rs2069845 apresentaram médias superiores para CT, LDL e TG. Para o IL-6 rs1800795, o genótipo de risco foi maior para Glicose, CT, TG e LDL. No entanto nenhum resultado foi significativo. Verifica-se que os genótipos de risco apresentam médias maiores para parâmetros bioquímicos em relação aos antropométricos e observa-se que a relação sobrepeso/obesidade está presente na população estudada. Para as frequências genotípicas sugere-se ampliar o estudo com um número maior de sujeitos.


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