ENVELHECIMENTO POPULACIONAL NO VALE DO RIO PARDO: ESTUDO SOBRE EDUCAÇÃO E GÊNERO.

DEISE GABRIELA FRANTZ, ALICE RAQUEL PIOVESAN, SILVIA VIRGINIA COUTINHO AREOSA

Resumo


O Brasil é um país que está crescendo em ritmo acelerado no que diz respeito à sua composição etária, onde os idosos estão cada vez em maior número. O envelhecimento é um processo biopsicossocial, por isso gera demandas mais complexas. Este trabalho tem como objetivo mostrar dados significativos sobre a população idosa do Vale do Rio Pardo em relação ao percentual total da população, sexo e meio onde vive, relacionando com a teoria da feminilização da velhice e nível educacional. A abordagem utilizada foi a quantitativa, utilizando-se dados secundários dos censos demográficos de 2000 e 2010 encontrados no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e disponibilizados pelo grupo de pesquisa "Realidade, Exclusão e Cidadania na Terceira Idade" no banco de dados do ObservaDR/UNISC. O Vale do Rio Pardo está localizado na região Centro-Oriental do Estado do Rio Grande do Sul (RS) e é composto por 23 municípios, com a população total no ano de 2000 de 397.089 habitantes, sendo que 45.606 (11,48%) destes têm 60 anos ou mais, e no ano de 2010, respectivamente, 418.141 e 60.120 (14,37%), tendo um aumento significativo em 10 anos. Em termos de Brasil temos nos últimos dois censos (2000 e 2010, respectivamente), um percentual maior na população idosa de mulheres (4,71% e 6%) em relação ao número de homens (3,85% e 4,79%). O mesmo fenômeno ocorre no RS, onde se encontra 6,01 e 7,78% de mulheres para 4,44% e 5,87% de homens, revelando o que os estudiosos da gerontologia chamam de "feminilização da velhice". Nos municípios do Vale do Rio Pardo este fenômeno também ocorre nos anos de 2000 (6,53% de mulheres e 4,9% homens) e 2010 (8,09% de mulheres para 6,28% homens). A feminilização na terceira idade é um processo que mostra modificações evidentes na estrutura etária do Brasil, pois elas vivem, em média, sete anos mais do que os homens e estão vivendo mais do que nunca. Sabe-se que parte disso é decorrente do fato de que as mulheres cuidam mais da sua saúde, realizam mais exercícios físicos e se envolvem mais social e afetivamente. Em relação à educação formal no censo de 2000, as mulheres estão em maior número nos níveis iniciais (Ensino Fundamental de 1ª a 3ª série, Ensino Fundamental de 4ª a 7ª série, Ensino Fundamental Completo, Ensino Médio), enquanto no Ensino Superior (Graduação e Mestrado) os homens estão em maior número. As diferenças no nível de educação em questão de gênero refletem a organização social que se tinha anos atrás, que dificultava o acesso escolar às mulheres, assim como aos mais pobres, e hoje percebe-se que isto mudou muito. Já no ano de 2010, as mulheres idosas são em maior numero em todos os níveis educacionais (Ensino Fundamental Incompleto, Ensino Fundamental Completo, Ensino Médio Incompleto, Ensino Médio Completo, Ensino Superior Incompleto, Ensino Superior Completo). Nos dias atuais, as mulheres não são mais vistas apenas como cuidadoras do lar e da família, os papéis mudaram e tarefas que antes competiam aos homens como o mercado de trabalho hoje são realizadas por mulheres também. As mudanças socioculturais que o país vem sofrendo nas últimas décadas estão influenciando o envelhecimento populacional, pois o processo de envelhecer não é somente determinado pela cronologia e fatores físicos, mas também pela condição social, pelo ambiente onde vivemos e por nossa singularidade.


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