Insubordinação e autocontrole em Jane Eyre, de Charlotte Brontë.
Resumo
RESUMO: O presente trabalho visa investigar analiticamente a consciente construção da subjetividade da protagonista Jane Eyre do romance homônimo da escritora inglesa Charlote Brontë. Dessa forma, evidenciam-se aspectos fundamentais de sua individualidade como a insubordinação e o autocontrole, constituindo marcas indeléveis de uma contundente crítica ao sistema patriarcal do contexto de produção do romance abordado. Para tanto, trabalho é composto de três partes em que se investigou a relação da protagonista com três personagens do romance: Sra Reed, Sr. Rochester e St. John, que representam diferentes tipos de autoridade frente à protagonista. As tensões criadas no enfrentamento de Jane Eyre com tais figuras demonstram como os elementos analisados ganham relevo na constituição do seu caráter. A partir de um aporte teórico que envolve estudos sobre o gênero romance (ARMSTRONG, 2009; CANDIDO, 2011; LUKÁCS, 2000; WATT, 1990), a construção da personagem, e o contexto histórico da obra, se buscou uma compreensão sobre a autonomia de Jane Eyre e seu comportamento crítico e questionador a partir da sua interação com outras personagens. Na relação de Jane Eyre com a tia, a Sra. Reed, a insubordinação floresceu espontaneamente, como marca de sua personalidade, revidando os maus-tratos da autoridade familiar como forma inata de autopreservação e resistência. O autocontrole é quase inexistente e a crítica social notadamente clara. Na segunda parte, quando Jane Eyre descobre que Rochester é casado, a insubordinação torna-se um martírio, pois há um vínculo amoroso entre eles. O autocontrole implica sublimação dos desejos em nome da moral, da lei e da virtude. Jane contraria a figura masculina, a autoridade de patrão, e todo o jogo de comportamentos fixados pelo sistema patriarcal representado por Rochester. No enfrentamento de Jane Eyre com St. John, a personalidade enigmática do pastor acaba por dominar a impetuosidade de Jane. Ela insubordina-se ao compreender John e segue seu destino, assumindo o controle de sua existência. Jane enfrenta não só a personalidade de St. John, mas também sua posição religiosa e seu destino virtuoso, mas sem amor conjugal, que ele havia destinado à ela. Dessa forma, ressaltam-se os traços da heroína Jane Eyre e a sua dificuldade de afirmação e adaptação no contexto social inglês da Era Vitoriana.
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