O câncer de pulmão era considerado como uma doença rara até o início do século XX. Desde então, sua ocorrência aumentou rapidamente e essa neoplasia se tornou mais frequente na população mundial e a causa mais importante de morte por câncer no mundo. Para o ano de 2012, foram estimados 17.210 casos novos de câncer de pulmão em homens e 10.110 em mulheres. Esses valores correspondem a uma incidência de 18/100 mil habitantes em homens e 10/100 mil para as mulheres. Sem considerar os tumores de pele não-melanoma, o câncer de pulmão em homens é o segundo mais frequente nas regiões Sul (37/100.000 mil habitantes). Diante do exposto, o objetivo deste estudo é avaliar os dados epidemiológicos e clínicos dos portadores de Câncer de Pulmão que participam de pesquisas na Região do Vale do Rio Pardo do estado do Rio Grande do Sul. A metodologia é realizada através de um estudo retrospectivo junto ao banco de dados do projeto de pesquisa "Dano, Reparação e Susceptibilidade em Doenças Pulmonares", da Universidade de Santa Cruz do Sul. As variáveis analisadas foram os dados sociodemográficos e clínicos dos pacientes. Os dados foram inseridos em um programa específico de análise estatística Statistical Package for the Social Sciences, versão 18.0. Foram selecionados de acordo com os critérios de inclusão: informações completas. Os resultados obtidos foram analisados e comparados aos diversos estudos realizados pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA). Dessa forma, foram selecionados no banco de dados 5 portadores de Câncer de Pulmão, com idade média de 67,40±9,81 anos, sendo todos do gênero masculino, e predominância da raça branca (n=4). Encontramos predominância também nos seguintes aspectos: baixa escolaridade (ensino fundamental incompleto=3, nenhuma escolaridade=1); baixa renda (n=4); profissionalmente ativos (n=4), apesar da idade adulta avançada. Quanto ao estado civil há separados (n=2), casados (n=2) e solteiro (n=1). Pertinente ao histórico da doença dos indivíduos, os portadores de Câncer de Pulmão caracterizaram-se: ex-fumantes (n=4) e fumantes correntes (n=1). O consumo de cigarro encontrado foi em torno de 22±13,26 cigarros/dia, representando em média 8030±4840 cigarros/ano; o tipo de cigarro mais consumido foi o cigarro com filtro, seguido do cigarro sem filtro, do palheiro, dentre outros. O tempo de consumo tabágico dos ex-fumantes variou de 30 a 50 anos. A dispneia auto-relatada foi moderada (n=2) e leve (n=3). Vale salientar que todos os pacientes fazem uso de regime quimioterápico, bem como de medicamentos por conta própria, ressaltando o paracetamol, o omeprazol e o broncodilatador aerosol. O tempo de diagnóstico da doença varia de 3 meses a 4 anos. A maioria dos pacientes tem histórico familiar (n=4) de Câncer de Pulmão, ao mesmo tempo em que apenas um paciente apresenta histórico de doença respiratória na infância, sendo ela a asma. Até o momento, a análise dos dados epidemiológicos e clínicos dos portadores de Câncer de Pulmão desta pesquisa nos permite concluir que estes vêm ao encontro da literatura. A alta carga tabágica é um potencial fator de risco para o desenvolvimento desta doença, está relacionada com a baixa escolaridade e renda familiar. O Câncer de Pulmão é uma doença limitada pela sintomatologia, principalmente a dispneia, que persiste apesar do esquema terapêutico.