EFEITO DA ADESÃO À SUPLEMENTAÇÃO COM SULFATO FERROSO SOBRE A ANEMIA: UM ESTUDO LONGITUDINAL COM PRÉ-ESCOLARES DE VENÂNCIO AIRES, RS

MAIARA DE QUEIROZ FISCHER, JOSIANE PEREIRA PACHECO, LIZIANE HERMES, LUIZA LOUZADA MULLER, DANIEL PRA, SILVIA ISABEL RECH FRANKE

Resumo


Conhecida como uma síndrome clínica, a anemia caracteriza-se pela diminuição na concentração de hemoglobina no sangue. Os níveis de hemoglobina variam de acordo com a idade e o sexo. A anemia atinge 1,62 bilhões de pessoas, número este que corresponde a 24,8% da população mundial. A mais alta prevalência (cerca de 50% em alguns países) ocorre na população com idade pré-escolar e tem como principal causa a deficiência de ferro. Sua prevenção deve ser feita com ações de educação nutricional, atenção básica, estratégias sanitárias, acesso a alimentos ricos em ferro e fortificados, incentivo ao aleitamento materno e suplementação profilática. Em 2005, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Suplementação de Ferro (PNSF) como estratégia para o controle da anemia no Brasil. Para o sucesso do PNSF, é imprescindível que as famílias se sensibilizem da importância da suplementação e apresentem adesão à administração do sulfato ferroso às crianças. O objetivo deste trabalho foi avaliar a efetividade da suplementação de sulfato ferroso, comparando os dados coletados no primeiro semestre de 2013 com os dados do estudo, também realizado por nosso grupo de pesquisa, em 2012, que teve como título "Prevalência da anemia em crianças de 6 a 24 meses matriculadas na rede pública de Venâncio Aires". A amostra de 2013 foi composta por 36 das crianças avaliadas em 2012, que em 2013 tinham idade entre 14 e 32 meses, cujos pais aceitaram continuar no estudo. As informações sobre as crianças foram obtidas por meio de questionário aplicado à mãe ou responsável, por entrevistadores treinados. As análises sanguíneas foram realizadas, em dia pré-agendado com os pais, por profissional habilitado, em laboratório de análises clínica de Venâncio Aires. Para diagnóstico de anemia foi utilizado como ponto de corte hemoglobina de 110 g/L (11,0 mg/dl). A prevalência de anemia (8,3%) foi baixa em relação a outros estudos. A taxa de adesão à suplementação foi de 80% no grupo avaliado em 2013. Contudo, o tempo médio de suplementação foi de apenas 4,5 meses. No total de crianças avaliadas, apenas 8 tiveram suplementação por tempo superior a 6 meses, sendo que estas apresentaram um aumento não significativo (p=0,204) no valor de hemoglobina. Concluímos com esse resultado que há uma adesão inadequada (tempo curto) à suplementação de sulfato ferroso pelos pais. A baixa prevalência de anemia encontrada pode se justificar pela intervenção nutricional que o grupo recebeu após a pesquisa realizada em 2012, onde todos os pais foram orientados sobre o consumo alimentar e maneiras de preparo dos alimentos. Orientações sobre hábitos alimentares saudáveis e modificação dietética podem levar à melhor seleção dos alimentos que contenham ferro e a um padrão de alimentação favorável para uma biodisponibilidade aumentada do ferro. A baixa adesão aos programas de suplementação implantados no Brasil é um verdadeiro desafio para a saúde pública, necessitando de novas estratégias.


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