FORMAÇÃO DE BIOFILME EM ISOLADOS DE STAPHYLOCOCCUS SPP. EM AMOSTRAS DE PACIENTES INTERNADOS EM HOSPITAL DE ENSINO DO SUL DO BRASIL

GABRIELE MOURA BAIERLE, GUILHERME HENRIQUE DE OLIVEIRA ARNHOLD, PATRÍCIA RAQUEL WAPPLER, PEDRO ALVES D'AZEVEDO, JANINE DE MELO RAUBER, ANDREIA ROSANE DE MOURA VALIM

Resumo


As bactérias do gênero Staphylococcus apresentam morfologia esférica ou oval quando observadas no microscópio (cocos), possuem parede celular que permite a coloração por técnica de Gram e formam arranjos com aspecto semelhante a cachos de uvas. Em análise macroscópica, formam colônias esbranquiçadas, convexas e algumas espécies em ágar-sangue apresentam hemólise ao redor da colônia. Uma das provas realizadas para diferenciação entre espécies do gênero é o teste da coagulase. Para Staphylococcus aureus, espécie mais relevante e patogênica, o teste da coagulase é, na sua maioria, positivo. Alguns desses micro-organismos são capazes de produzir biofilme, uma matriz polissacarídica embebida de células bacterianas que se adere a qualquer superfície e ambiente. A função dessa matriz é proporcionar maior proteção ao micro-organismo para seu desenvolvimento e maior defesa contra agentes externos, como anticorpos e antimicrobianos. Devido à essa defesa a antimicrobianos, é necessário utilizar concentrações superiores àquelas que seriam necessárias para eliminar bactérias planctônicas. Assim, as doses de antimicrobianos utilizadas na clínica muitas vezes não são suficientes para erradicar os micro-organismos envolvidos em biofilme. O objetivo do presente estudo foi determinar a presença de biofilme em isolados de Staphylococcus spp. em amostras de pacientes internados no Hospital Santa Cruz (HSC). A habilidade destes micro-organismos em formar biofilme foi verificada em microplacas estéreis de poliestireno inerte de fundo chato, contendo 96 poços. Uma suspensão bacteriana de cada isolado foi aplicada em 8 poços da placa contendo o meio Tryptic Soy Broth (TSB), suplementado com glicose a 1%. A densidade óptica (DO) foi determinada em leitora de ELISA e as amostras foram classificadas em não-formadores, fracamente, moderadamente ou fortemente formadores de biofilme. Os prontuários dos pacientes foram revisados a fim de verificar as características da internação. Os resultados encontrados a partir das 80 amostras de isolados de Staphylococcus spp. foram de 7 amostras classificadas como não-formadoras (8,75%), 6 como fracos formadores (7,50%), 30 como moderados (37,50%) e 37 amostras como fortes formadores (46,25%). Verificou-se que a formação de biofilme foi significativamente maior nas espécies de S. aureus quando comparada às espécies de estafilococos coagulase-negativos. Não se encontrou relação significativa entre a formação de biofilme pelas amostras e piora clínica dos pacientes ou desfecho da internação (alta ou óbito). No entanto, foi verificada piora clínica mais frequente em infecções por isolados considerados fortes formadores de biofilme (60,7% vs. 30,3%). No caso de amostras formadoras de biofilme, o tempo de internação foi significativamente maior (24,22 dias) em relação às cepas não formadoras (12,50 dias). As análises indicaram que não houve associação entre formação de biofilme e o sítio de isolamento do micro-organismo. Conclui-se que é necessário em uma infecção estabelecer se esses micro-organismos têm habilidade de formar biofilme, principalmente em pacientes internados em hospitais, os quais tem uma saúde mais debilitada, pois, como já visto nesse estudo, há piora clínica mais frequente em infecções causadas por isolados classificados como fortes formadores de biofilme.


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