ASPECTOS LINGUÍSTICO-COGNITIVOS ENVOLVIDOS NA PRODUÇÃO DE PARÁFRASES
Resumo
Esta comunicação propõe-se a introduzir o foco de uma investigação realizada pelo Mestrado em Letras da UNISC sob o título "Leitura: o papel heurístico da paráfrase". Como bolsista integrante deste grupo de estudo, parto do pressuposto de que a construção de novos conhecimentos está diretamente relacionada à repetição e à retomada de conteúdos já vistos/lidos, pois, na ótica do estudo em questão, só é possível desenvolver uma ideia a partir de outra já existente. Assim, a questão que me propus a abordar especificamente é a da paráfrase, seu conceito e utilizações. Originária do latim paraphrasis (significando "a repetição de uma sentença"), a paráfrase constitui-se na recriação textual, tendo como suporte um texto-fonte, que recebe uma nova "aparência" dentro do discurso - embora mantenha o cerne da ideia inicial. Em leitura, a parafrasagem é uma atividade usual, realizada desde o Ensino Fundamental e prevê a repetição do texto já lido através da produção de reconto. Em geral, os professores solicitam que os alunos leiam um texto e após o recontem, com suas próprias palavras - sem fugir do conteúdo presente no material lido -, ou seja, sem modificar a essência das informações fornecidas pelo material de leitura. Este tipo de atividade implica a participação do aluno na elaboração/reelaboração do conteúdo já exposto, pois, sem esta retomada, o que ocorre é uma leitura mecânica, onde o teor não é realmente absorvido e internalizado, e sim simplesmente repetido. Oralmente, a produção de paráfrases vem sendo exercida desde o início dos tempos; antes do surgimento da escrita, as histórias eram repassadas informalmente, sendo de responsabilidade dos interlocutores o comprometimento em se manter fiel à ideia original, apesar de que "quem conta um conto aumenta um ponto". Inclusive no nosso dia a dia, ao recontarmos uma notícia ouvida ou lida, ou um fato vivenciado, estamos constantemente praticando "o ato de transmitir a ideia geral de um texto com outras palavras". Sendo assim, a paráfrase desempenha o papel de divisor entre as ideias criadas pelo leitor e o conteúdo expresso originalmente pelo texto. É neste processo que se cria o afastamento necessário da forma linguística, o que propicia uma separação entre o que se entende por texto e seu significado, bem como a introdução de associações e hipóteses. Como resultado, a nova produção tanto pode repetir um conteúdo sem introduzir nada novo, quanto acrescentar novas informações, já que os sistemas de conhecimento linguístico, enciclopédico e interacional do leitor podem determinar a inclusão de conteúdos não existentes no texto lido - enriquecendo-o ou desviando-o do intento inicial. Por fim, resta acrescentar que a própria proponente desta apresentação aprofundou o seu conhecimento sobre o que seja paráfrase, através da sua produção com base em um artigo científico da área da Linguística, a fim de observar e analisar os processos de textualização utilizados na redação do texto parafraseado.
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