AVALIAÇÃO DO EFLUENTE DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DO CAMPUS CENTRAL NA UNISC UTILIZADO O ENSAIO COMETA COM DAPHNIA MAGNA STRAUS COMO ORGANISMO TESTE.

LEONI GLACI STEIL, ALANA N. RAEL, DAIANE C. DE MOURA, DANIELE R. DALLEMOLE, EDUARDO ALEXIS LOBO ALCAYAGA, ALEXANDRE RIEGER

Resumo


A crescente urbanização e industrialização elevam o aumento do volume de esgoto e, muitas vezes, são lançados nos cursos d222água sem tratamento adequado. O campus central da Universidade de Santa Cruz do Sul conta com uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE-UNISC) que tem por objetivo reduzir o impacto dos efluentes gerados na instituição antes de devolvê-lo ao meio natural. Além disso, existem políticas internas de segurança para que os rejeitos com potencial poluentes químicos oriundos de diferentes situações, tais como atividades de laboratórios de pesquisa e aula, não sejam despejados na via comum de esgoto, mas acondicionados e reservados para o descarte através de empresa terceirizada e especializada nesta atividade. Para verificar se o sistema está adequado, bem como desenvolver tratamentos mais eficientes, são realizadas coletas de amostras a fim de verificar a sua toxicidade, porém ensaios de genotoxicidade como o Ensaio Cometa (EC) não haviam sido realizados até o momento. O EC permite avaliar a qualidade da água através dos danos ao DNA de um organismo-teste exposto. Como estes danos são passíveis de reparo, a vitalidade e viabilidade dos organismos-testes não é alterada. Desta forma, o EC é um ensaio com excelente sensibilidade e que pode ser usado de modo complementar aos testes de ecotoxicidade, principalmente quando podem ser realizados no mesmo organismo teste, no caso Daphnia magna Straus. O objetivo do presente trabalho foi avaliar o potencial de genotoxicidade de amostras do efluente ETE-UNISC através do EC com D. magna como organismo teste. A amostra foi coletada no mês de julho de 2014 na ETE-UNISC, localizada no Campus da UNISC. O perfil do esgoto é originário apenas dos mictórios e das bacias sanitárias, podendo ser considerados como águas negras e amarelas. A exposição foi realizada imediatamente após a coleta da amostra. As matrizes D. magna foram cultivadas conforme a norma técnica brasileira 12713, sendo selecionados 10 neonatos para a exposição aguda (48h) nas concentrações de 50% do efluente diluído com meio de cultura e 100% do material bruto. Após, os organismos-teste foram colhidos em microtubo e macerados para obtenção da suspensão celular utilizada no EC. Uma alíquota da suspensão foi transferida para a agarose de baixo ponto de fusão a 37ºC e fundida a lâmina contendo a pré-cobertura. Após a solidificação, as lâminas foram expostas à solução de lise por 1 hora e depois submetidas a eletroforese (0,7 V/cm; 300 mA) por 20 min em tampão alcalino (pH > 12), sendo fixadas e coradas com nitrato de prata. Todos os testes foram realizados em quintuplicata. Foram contados 100 nucleoides por lâmina num total de 500 microscópio óptico (400X). A frequência de dano (FD) e o Índice de dano (ID) foram calculados e comparados a um controle negativo (CN) de água reconstituída. Aplicou-se o teste de Kruskall-Wallis seguido de pós teste de Dunn, comparando com o CN. A FD e o ID dos grupos testes não estavam aumentadas significativamente em relação ao grupo CN em nenhuma das concentrações testadas, sugerindo que o efluente da ETE-UNISC não apresenta potencial de genotoxicidade. A ausência de genotoxicidade no efluente sugere que, de fato, somente esgoto dos mictórios e bacias sanitárias, livre de contaminação de moléculas químicas e metais pesados está chegando à ETE-UNISC e que as políticas de retenção e descarte de produtos tóxicos ao ambiente implantadas pela instituição devem estar funcionando.


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