AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE TUBERCULOSE EM UM PRESÍDIO REGIONAL DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ANA JULIA REIS, DANIELA BECKER, LUCIANA DE SOUZA NUNES, MARIA ANGÉLICA PUNTEL, ANDREIA ROSANE DE MOURA VALIM, LIA GONCALVES POSSUELO

Resumo


A TB apresenta-se como um grave problema de saúde pública, apresentando um elevado potencial de transmissão, principalmente em instituições fechadas, como os presídios, onde são identificadas taxas de prevalência muito superiores às encontradas na população em geral. Dentre os fatores que contribuem para as grandes taxas na população privada de liberdade (PPL), podem ser citados: faixa etária jovem, dificuldade de acesso aos serviços de saúde, celas superlotadas, com pouca iluminação, precárias condições de higiene, ventilação mínima, muitos usuários de drogas ilícitas e com frequentes tratamentos anteriores para TB. Objetivou-se verificar o número de culturas e baciloscopias positivas realizadas com amostras provenientes de um presídio regional do estado do Rio Grande do Sul, bem como definir a porcentagem de amostras que chegaram ao laboratório de referência. Realizou-se um estudo do tipo transversal retrospectivo, com a avaliação dos resultados de cultura e baciloscopias positivas provenientes de amostras de escarro de indivíduos privados de liberdade do Presídio Regional de Santa Cruz do Sul, no período de junho de 2012 a abril de 2014. Os dados foram coletados no sistema de registro do Laboratório de Referência e através de questionário aplicado aos indivíduos privados de liberdade. Foram incluídos no estudo todos os pacientes que concordaram em participar da pesquisa, provindos de buscas ativas realizadas na unidade prisional. As análises foram realizadas utilizando programa SPSS 20.0, utilizando valores absolutos e percentuais para as análises descritivas e as médias foram comparadas utilizando T student. Foram incluídos no estudo 98 indivíduos privados de liberdade que responderam os questionários no período de estudo, dentre estes 80 (81,6%) eram do sexo masculino, com média de idade de 33 anos, 54 (65,3 %) tinham ensino fundamental incompleto, 14 (14,3%) já tinham sido presos anteriormente e 14 (14,3%) relataram TB anterior; a média de tempo de encarceramento foi de 24 meses. Considerando uma amostra por indivíduo participante, 83 (84,7%) amostras de escarro chegaram ao laboratório de referência, sendo destas 7 (7,1%) baciolosopias positivas,240 17 (17,3%) culturas positivas, 3 (3,1%) com material insuficiente e o restante correspondia a resultados negativos. Entre as amostras de escarro coletadas, 15 (15,3%) não chegaram ao laboratório de referência, sendo 6 (6,1%) devido à não realização da coleta e 9 (9,2%), embora referidas à coleta, não chegaram ao laboratório. A partir dos casos positivos identificados nas culturas, identificou-se uma incidência de 17.346 casos por 100 mil habitantes, sendo esta 280 vezes superior aos valores encontrados na população em geral do Rio Grande do Sul, que teve uma prevalência de 61,9 casos por 100 mil habitantes no ano de 2013. Com base no estudo pode-se verificar a importância da implementação de estratégias de diagnóstico de TB prisional, tendo em vista a elevada prevalência e as dificuldades de implementação de fluxos de diagnóstico eficazes, conforme recomendações ministeriais, no intuito de reduzir as taxas de abandono e transmissão da doença. Percebe-se um incremento significativo no diagnóstico com a utilização de cultura das amostras, enfatizando a necessidade da triagem e diagnóstico, com o fortalecimento de parcerias entre as unidades prisionais e os laboratórios de referência.240


Apontamentos

  • Não há apontamentos.