SATISFEITOS, MAS NEM TANTO! A AUTOPERCEPÇÃO DE PROFESSORES SOBRE O SEU TRABALHO

MANUELI TOMASI, ELENISE COELHO, LINÉIA OLLI, JANDIR PAULI

Resumo


O presente estudo tem como objetivo avaliar como professores percebem sua satisfação geral com o trabalho. Foram aplicados 201 questionários em 10 escolas da Rede Pública Estadual de Ensino Secundário do Rio Grande do Sul, selecionadas de forma aleatória não probabilística. O modelo de análise utilizou a escala quantitativa de Satisfação com o Trabalho 226 EST, uma medida multidimensional, construída e validada com o objetivo de avaliar o grau de contentamento do trabalhador frente a cinco dimensões do seu trabalho: satisfação com o salário; com a chefia; com as promoções; com a natureza do trabalho e; com a estabilidade no emprego. Os dados foram analisados a partir de uma estatística inferencial com a avaliação de significância estatística de 5% (p < 0,05), de confiabilidade (Alfa de Cronbach), e de comparação entre médias (teste ANOVA) com análise de frequência a partir de dados sociodemográficos. A mostra foi composta por 82,6% de mulheres e 17,4% de homens. Em relação à idade, constatou-se que 10% tinha entre 18 e 30 anos, 25,9% entre 31 e 40, 36,3% entre 41 e 50 e 27,9% com mais de 51 anos, mostrando que ampla maioria está com mais de 41 anos, sendo que o 43,8% dos 201 respondentes atua na Escola há mais de 10 anos. 51% mantém outro emprego paralelo à atividade docente, sendo que a dedicação em número de horas está presente de forma expressiva em dois grupos: até 20 horas, com 45,8% e 40 horas com 40 horas. Na avaliação da confiabilidade das escalas, o escore geral encontrado foi de ,866, ficando acima dos escores apurados na validação da escala, que foi de ,824. A comparação de médias com a utilização do teste ANOVA de 1 fator com teste post hoc DMS permitiu comparar as médias de respostas entre as variáveis sociodemográficas (fator) com a satisfação no trabalho. Os dados descritivos cruzaram os grupos de acordo com o tempo de atuação na escola e satisfação no trabalho. Verificou-se que os grupos 2 (entre 1 e 5 anos) e 4 (mais de 10 anos de atuação na escola) mostram escores de satisfação abaixo da média, permanecendo em 4,2198 e 4,0960, respectivamente. A análise de frequência mostrou que estes grupos totalizam 70,4% da amostra, o que atribui ao dado um destaque especial. Nas provas DMS post hoc, os resultados mostram uma variação significativa somente entre indivíduos dos grupos 1 (menos de 1 ano) e 4 (mais de 10 anos), sendo que no primeiro grupo a média foi de 4,517 enquanto no segundo foi de 4,233. Na avaliação geral da satisfação com o trabalho, foi possível constatar que os professores se encontram com um considerável nível de satisfação, especialmente em relação ao ambiente em que atuam e quanto a qualidade das relações interpessoais com os colegas. No entanto, nas questões relacionadas à remuneração e oportunidades de ascensão profissional na carreira, alguns escores ficaram abaixo da média. Isto ficou visível em relação ao número de promoções na carreira (3,0314); salário comparado ao trabalho (2,7461); salário comparado à capacidade profissional (2,6364); oportunidade de ser promovido na carreira (3,0000) e; salário comparado com o esforço (2,8232). O estudo cumpriu os objetivos propostos, especialmente se considerada a utilização de uma escala validada como estratégia para ampliação da confiabilidade dos dados coletados, mostrando aspectos importantes da autopercepção deste público específico em relação à satisfação com o trabalho em suas principais dimensões.


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