BACHELARD EDUCADOR: CONTRIBUIÇÕES FILOSÓFICAS PARA UM PENSAMENTO PEDAGÓGICO

TATIANA RODRIGUES DA ROCHA, SANDRA REGINA SIMONIS RICHTER

Resumo


O projeto de pesquisa Bachelard Educador: Contribuições filosóficas para um pensamento pedagógico, vinculado ao grupo de pesquisa LinCE-Linguagens, Cultura e Educação e ao Programa de Pós-Graduação em Educação da UNISC, tem como objetivo investigar concepções educacionais inscritas nas obras de Gaston Bachelard para perseguir a compreensão de um pensamento pedagógico que reivindica a conciliação entre provocações à imaginação e desafios ao raciocínio. Para Bachelard, tanto a ciência quanto a poesia exigem esforços de leitura do mundo. A singularidade filosófica de Bachelard está em afirmar a complementaridade entre pensar e sonhar ao afirmar que os processos de formação científica e de formação poética comportam sempre duas faces: uma objetiva, na qual se efetua a criação de um mundo, e uma subjetiva, na qual se opera um trabalho sobre si. O interesse científico está em promover abertura para uma reflexão educacional que permita perseguir ações pedagógicas com crianças pequenas que considerem a dinâmica temporal dos lentos e graduais processos de aprender o poder formativo da novidade poética e da invenção científica. Trata-se de afirmar o ato de aprender a engendrar ações no mundo e compartilhar sentidos através de diferentes modos do corpo agir e estar em linguagem, a partir de ações educativas sustentadas na interlocução entre ciência e arte. A pedagogia conforma uma área de conhecimento que exige atualização no debate de suas escolhas éticas, de suas decisões políticas e de suas ações práticas, pois sua intencionalidade não significa formatar ou modelar humanos, mas com eles interagir no mundo. Os estudos, baseados em uma metodologia reflexiva-interpretativa, partem de uma abordagem filosófica a qual não tem por objetivo buscar respostas estanques ou provar a veracidade dos conceitos, mas perseguir uma fundamentação teórico-metodológica para problematizar questões amplamente naturalizadas na educação de crianças. O trabalho exigiu acompanhar o resgate das produções anteriores do grupo, aprender a ler para compreender conceitos a partir de leituras e de discussões semanais com o grupo de pesquisa, interlocuções com outro grupo de pesquisa (Estudos Poéticos/ UNISC) e, ainda, através de produções escritas: textos, súmulas, resumos e a produção de um glossário das ideias bachelardianas. O encontro com estas leituras permitiu problematizar a educação de crianças ao considerar a educação como interação entre adulto e criança, evocando, para isso, o compromisso ético da docência na educação infantil diante do intenso processo que é aprender a estar em linguagem como poder inventivo de instaurar modos de ser e agir no mundo. Tal processo compõe uma experiência de pensamento que conduz a estabelecer relações com o conceito de experiência em Larrosa: experiência é o que nos passa, o que nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, não o que se acontece, ou o que toca. Também a importância em pensar acerca da imaginação como algo que, mesmo não sendo ensinada, se aprende. Consequentemente, refuta o descaso dado a ela por muitas concepções educacionais que priorizam somente o exercício da razão, negando experiências também necessárias, como a do corpo e das diferentes linguagens.


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