PRAZER E SOFRIMENTO NO TRABALHO DE AGENTES COMUNITÁRIOS DE SAÚDE: ESTUDO SOBRE ASSOCIAÇÃO COM VARIÁVEIS SOCIODEMOGRÁFICAS

BRUNO DITTBERNER DUTRA, AMANDA CORRÊA DOS SANTOS, ANALÍDIA RODOLPHO PETRY, LENI DIAS WEIGELT, LUCIELE SEHNEM, SUZANE BEATRIZ FRANTZ KRUG

Resumo


O trabalho, quando em conformidade com as expectativas e necessidades do trabalhador, pode ser fonte de prazer e satisfação. Fatores como motivação, valorização, reconhecimento e autoestima elevada corroboram para a consolidação de um trabalhador realizado. Quando isto não ocorre, o trabalhador torna-se suscetível à manifestação de sofrimento no trabalho. Neste estudo, objetivou-se investigar as variáveis do perfil sociodemográfico de Agentes Comunitários de SaÚde (ACS) associadas a aspectos geradores de prazer ou sofrimento no contexto de trabalho destes sujeitos. O estudo exploratório-descritivo, do tipo quantitativo é um recorte da pesquisa "Sofrimento no trabalho de Agentes Comunitários de SaÚde: um estudo nos municípios da 13ª Coordenadoria Regional de SaÚde - RS", desenvolvida pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em SaÚde (GEPS) da Universidade de Santa Cruz do Sul, contemplada no edital Programa Pesquisa para o SUS - PPSUS - 2013/2015. Os sujeitos foram 251 ACS de 34 Estratégias de SaÚde da Família (ESF) e cinco Estratégias de Agentes Comunitários de SaÚde (EACS) de 13 municípios da 13ª Coordenadoria Regional de SaÚde-RS, os quais somam aproximadamente 327. 211 habitantes. Foram utilizados como instrumentos de coleta de dados, um formulário validado "Inventário de Trabalho e Risco de Adoecimento" (ITRA), composto por quatro dimensões e um questionário sociodemográfico. Para este estudo, utilizou-se a terceira dimensão do ITRA, denominada "Escala de Indicadores de Prazer e Sofrimento no Trabalho", composta por uma escala de frequência do tipo likert de 7 pontos, com variação de 0 a 6, com o objetivo de avaliar a ocorrência das vivências de prazer e sofrimento no trabalho nos Últimos seis meses e dividida em quatro fatores, dois para avaliar o prazer - "Realização Profissional" e "Liberdade de Expressão", e dois para estimar o sofrimento - "Esgotamento Emocional" e "Falta de Reconhecimento". Já o questionário sociodemográfico é composto por questões como idade, sexo, estado civil, escolaridade, nÚmero de filhos e/ou dependentes, município, tipo de estratégia (ESF ou EACS) e área de atuação (urbana ou rural). Os dados foram analisados segundo os valores de média, sendo depois verificada a normalidade dos mesmos por meio dos testes Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk, considerados não-normal. Utilizou-se então o teste não-paramétrico de U de Mann-Whitney, onde o nível de significância adotado foi de p<0,05. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da UNISC sob protocolo nº 713.475. Os resultados demonstraram que o fator "liberdade de expressão" obteve relação significativa apenas com o município ao qual o ACS pertence (p = 0,003) e com o tipo de estratégia em que este encontra-se inserido (p = 0,006). O fator "realização profissional" mostrou-se relacionado à idade do sujeito (p = 0,000), estado civil (p = 0,018), escolaridade (p = 0,026), quantidade de filhos (p = 0,009) e com o município (p = 0,046). Já o fator "esgotamento profissional" está relacionado apenas com o município no qual os ACS trabalham (p = 0,038) e o fator "falta de reconhecimento" relaciona-se significativamente com a idade (p = 0,001), estado civil (p = 0,042) e tipo de estratégia ao qual o ACS pertence (p = 0,030). Deste modo, este estudo demonstrou que a forma como os ACS percebem e reagem aos estímulos advindos de seu ambiente de trabalho tem relação direta com percepções individuais dos trabalhadores e com o contexto ocupacional ao qual pertence.


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