INFLUÊNCIA DA DISFUNÇÃO PERIFÉRICA SOBRE O DESEMPENHO NO INCREMENTAL SHUTTLE WALKING TEST EM PORTADORES DE DPOC

NATACHA ANGELICA DA FONSECA MIRANDA, CASSIA DA LUZ GOULART, DANNUEY MACHADO CARDOSO, RENATA TRIMER, DULCIANE NUNES PAIVA, ANDREA LUCIA GONÇALVES DA SILVA

Resumo


A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), além de apresentar alterações progressivas no sistema respiratório, por sua característica inflamatória crônica anormal, acaba desencadeando repercussões multissistêmicas, em especial a disfunção periférica e sua influência na intolerância ao exercício físico. O objetivo de nosso estudo é avaliar o impacto da Doença Arterial Periférica (DAP) na força muscular periférica e na capacidade de exercício pelo Incremental Shuttle Walking Test (ISWT) nos portadores de DPOC. Em relação à metodologia, o estudo é transversal, realizado com 35 portadores de DPOC de ambos os sexos, ingressantes em programa de Reabilitação Pulmonar (RP). A disfunção arterial periférica foi avaliada em repouso, aferindo a pressão arterial sistólica (PAS) das artérias braquiais, pediosa e tibial posterior bilateralmente através de doppler vascular portátil e esfigmomanômetro. O Índice Tornozelo-Braquial (ITB) foi obtido dividindo-se o maior valor das pressões do membro inferior pela maior pressão do membro superior, sendo ITB normal (valores de 1,00 a 1,40), ITB limítrofe (0,91 e 0,99) e presença de DAP (≤ 0,90). A disfunção periférica foi avaliada através da Força de Preensão Palmar (FPP), através de dinamômetro, com o sujeito em sedestação, ombro aduzido, cotovelo com flexão a 90º, antebraço em posição neutra e a posição do punho pode variar entre 0 a 30º de extensão. Já a força muscular de membros inferiores desta população foi avaliada através de uma adaptação do Teste de 1 Repetição Máxima (1RM), sendo realizado, portanto, um Teste de 10 Repetições Máximas (10RM) de extensores e flexores de joelho. A tolerância ao exercício foi avaliada através do ISWT, que é considerado um teste máximo para esta população, por desencadear respostas fisiológicas semelhantes a um teste de exercício cardiopulmonar, realizados em esteira ou cicloergômetro. Tal teste foi realizado conforme Singh et al. (1992), em um corredor plano de 10 metros demarcado e incremental ditado por mídia sonora composta por vários níveis, as quais sinalizam o aumento da cadências do passo e da velocidade. Após a aplicação do teste de normalidade Shapiro Wilk, foi utilizado teste T Student para variáveis paramétricas e Mann-Whitney para as não-paramétricas. A correlação de Spearman foi utilizada para determinar associação entre as variáveis. Modelo de regressão linear mÚltipla foi realizado para avaliar o efeito das variáveis independentes sobre a distância percorrida no ISWT. Os sujeitos foram estratificados em 2 grupos distintos, DPOC ausência de DAP (n=19) e DPOC presença de DAP (n=16). Tais grupos foram devidamente emparelhados em suas características clínicas e quanto à gravidade da doença. Portadores de DPOC com DAP coexistente apresentaram menor FPP da mão dominante (33,00 Kgf vs 26,66 Kgf, p=0,026) e pior desempenho no ISWT (297,32 m vs 219,41m, p= 0,023), quando comparado aos DPOC sem DAP. O modelo de regressão linear identificou as variáveis que isoladamente interferem no ISWT: 21,6% a FPP (p=0,003), 28,0% o ITB esquerdo (p= 0,001) e 14,9% o ITB geral (p=0,013), com R2ajustado de 0,762 e F de 15,631 (p<0,001). Nos portadores de DPOC analisados, a disfunção muscular e arterial periférica interferem na distância percorrida no ISWT e ambas são responsáveis por 36,5% destas alterações.


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