GENOTOXICIDADE DO ÓLEO DE NINN "AZAMAX®" TESTADO ATRAVÉS DO ENSAIO COMETA TENDO COMO ORGANISMO TESTE DANIO RERIO

ALANA NUNES RAEL, ALEXANDRE RIEGER

Resumo


Atualmente a sociedade moderna tem uma demanda crescente em consumir produtos agrícolas denominados de orgânicos, por serem livres de agrotóxicos. Para o manejo destes produtos, é permitida somente a utilização de substâncias químicas de origem natural, destacando-se, entre elas, o óleo de Ninn, comercialmente conhecido como Azamax®. Esta substância é utilizada pelos produtores orgânicos para o controle de pragas. Ensaios de toxicidade têm sido realizados para atender a legislação vigente, porém ensaios de genotoxicidade são raros. A utilização adequada e o descarte ambiental correto é de grande importância para evitar a contaminação nos diferentes ambientes naturais. Além disso, são necessárias pesquisas com diferentes ensaios para avaliar o seu efeito sobre os organismos e o meio, pois a ideia que se trata de um produto "natural" não o isenta de efeitos tóxicos e genotóxicos. Para avaliar efeitos de genotoxicidade, pode-se utilizar o Ensaio Cometa (EC) que permite verificar a presença de lesões em nível molecular, mais precisamente no DNA dos organismos expostos. O presente trabalho objetivou avaliar o potencial genotóxico do Azamax®, comumente utilizado pelos agricultores e empresas do Vale do Rio Pardo no manejo de cultivo orgânico. Utilizou-se o EC com o peixe Daniorerio como organismo teste. Os peixes foram adquiridos comercialmente, oriundos de uma mesma linhagem e aclimatados durante uma semana a 26º C, com fotoperíodo de 12h e alimentados três vezes durante o período de luz. Após a aclimatação, os peixes foram expostos a 0,5mL/L de Azamax® que representa a metade da diluição de uso. O período de exposição foi realizado em 24h, 72h e 168h (1 semana). Durante o período de exposição, os peixes foram mantidos nas mesmas condições de aclimatação. As amostras de sangue foram obtidas por via veia caudal, com auxílio de pipetador. Foi utilizada a versão alcalina do EC adaptado de Groffet al. (2010). A coloração das lâminas foi feita com nitrato de prata e a análise em microscopia óptica (100X). Os nucleoides foram classificados em cinco classes de danos (0 sem dano à 4 dano máximo). Após, foi calculado a Frequência de Danos (FD) e o Índice de Danos (ID), a análise estatística foi realizada no software GraphPadPrism 6.0,utilizando o teste de Mann Whitney e o teste de Kruskall-Wallis, seguido do pós-teste de Dunn. Na exposição de 24h, não houve mortalidade, já na exposição de 72h, houve uma mortalidade de 18%, sendo a Última de 168h, atingindo 36%. Tanto a FD como o ID estavam aumentados significativamente em relação ao CN (P-0,001) em todo o período de teste, sugerindo genotoxicidade do produto mesmo quando utilizado em uma concentração duas vezes menor do que o mínimo indicado. Os valores de FD e ID foram normalizados em relação a mediana do CN para serem comparados entre os dias de exposição. Enquanto a FD diminui significativamente ao longo do tempo, o ID aumentou significativamente em relação ao primeiro momento de exposição. O aumento do ID está associado a um dano em nível de DNA mais elevado, o que pode estar associado ao aumento da mortalidade a medida que o teste prosseguiu. Estes resultados sugerem que o óleo de Ninn pode ter um alto potencial de genotoxicidade no nível trófico de vertebrados, mesmo quando usado em concentrações pequenas, servindo de alerta para a necessidade do uso de equipamentos de proteção no manuseio pelos agricultores, bem como à necessidade de descarte correto a fim de evitar a contaminação ambiental.


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