AVALIAÇÃO DA PREVALÊNCIA DE CANDIDA SPP. BUCAL ENTRE ESCOLARES DA REDE DE SANTA CRUZ DO SUL CORRELACIONADA À FREQUÊNCIA DE ESCOVAÇÃO

JESSICA PINTO EBERT, JANE DAGMAR POLLO RENNER, MÍRIA SUZANA BURGOS, VICTÓRIA TELES FRANÇA, SABINE BERGESCH DIEDRICH, VALERIANO ANTONIO CORBELLINI

Resumo


Microorganismos do gênero Candida são os fungos mais prevalentes na microbiota do corpo humano, podendo habitar cavidade bucal, trato gastrointestinal, dobras de pele, virilha, ânus, canal vaginal e vulva, mantendo um equilíbrio entre parasita e hospedeiro. Alterações físicas, químicas, iatrogênicas e mecânicas podem afetar este equilíbrio e favorecer o desenvolvimento da infecção por este fungo. Em análise da literatura sobre prevalência de Candida spp, a colonização da cavidade bucal foi estimada em 26% em indivíduos saudáveis e 47% em indivíduos doentes. Estudos relacionam a presença de Candida na cavidade oral ao uso de aparelho ortodôntico e má higiene, sendo menores os percentuais de isolamento do microrganismo nos pacientes com melhor higiene bucal. Nosso objetivo é relacionar aspectos de saÚde bucal com a prevalência de Candida spp na saliva e placa dentária de escolares. Para tanto, foram analisadas 145 amostras de saliva referentes a escolares de Santa Cruz do Sul, coletadas no período de junho a dezembro de 2014. Paralelamente à coleta das amostras, foram preenchidos questionários sobre dados socioeconômicos, demográficos e de saÚde bucal, visando caracterização da população em estudo. As amostras foram coletadas em frascos de urina estéreis, inoculadas em placas de Petri contendo ágar Sabouraud e incubadas a 37ºC por 48-72h. Colônias de Candida spp foram detectadas por testes de fenotipagem morfofisiológica incluindo análise macro e micromorfológica após crescimento em ágar Sabouraud e coloração de Gram. Os dados foram organizados e analisados em planilha do software Microsoft Excel. Os 145 escolares observados encontravam-se na faixa etária de 6 a 18 anos. Sessenta indivíduos (41,38%) eram do sexo masculino, 84 (57,93%) do sexo feminino e 1 não teve o sexo identificado. Somente 10 dos 145 sujeitos utilizavam aparelho ortodôntico. Em 24 indivíduos (16,55%) foi detectada presença de Candida na saliva. Quarenta e sete (32,4,%) escolares afirmaram realizar menos de 3 escovações ao dia. Entre os indivíduos com presença de Candida na saliva, 2 (8,3%) afirmaram escovar os dentes somente uma vez ao dia, 10 (41,6%) duas vezes ao dia e 12 (50%) três vezes ou mais ao dia. Já entre os indivíduos nos quais não se observou a presença de Candida na saliva, 8 (6,61%) afirmaram escovar os dentes uma vez ao dia, 27 (22,31%) duas vezes e 72 (59,5%) três vezes ou mais ao dia. A prevalência de Candida na saliva dos escolares avaliados encontra-se abaixo do estimado para indivíduos saudáveis na população geral, mas ainda é significativa. Conforme literatura, má higiene bucal e uso de aparelho ortodôntico são fatores de risco para o desenvolvimento de candidíase oral. No presente estudo, observou-se maior prevalência de indivíduos que realizavam menos de três escovações ao dia entre aqueles em que se obteve resultado positivo para Candida bucal em comparação aos sujeitos em que esse resultado foi negativo. Maior frequência de escovação foi observada no grupo de indivíduos sem Candida. O nÚmero de indivíduos que utilizam aparelho ortodôntico não foi significativo para se realizar a comparação. Observou-se nÚmero elevado de escolares realizando menos de três escovações ao dia, o que alerta para a necessidade de implementar novas medidas ou aprimorar as já existentes nas escolas, com o intuito de orientar a população alvo sobre a importância da correta higiene bucal - inclusive na prevenção de candidíase oral.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.