SÍNDROME METABÓLICA E SEUS COMPONENTES ESTÃO ASSOCIADOS COM INDICADORES SOCIODEMOGRÁFICOS EM ADOLESCENTES?
Resumo
A síndrome metabólica (SM), que aumenta a predisposição para doenças cardiovasculares, ocorre devido ao conjunto de fatores de risco presentes no indivíduo, como obesidade central, hipertensão, hiperglicemia e dislipidemia. Além disso, pode também ocorrer a partir de uma interação entre fatores genéticos, metabólicos, ambientais e comportamentais. A síndrome metabólica pode apresentar variabilidade em relação à área geográfica, sexo e grupo etário. Objetivou-se descrever a frequência de síndrome metabólica e de alteração de seus componentes em adolescentes, verificando possível associação com indicadores sociodemográficos. Estudo transversal constituído por uma amostra de 781 adolescentes de Santa Cruz do Sul, Rio Grande do Sul, com idades entre 12 e 14 anos. Participaram do estudo 25 escolas do município, da rede pública (estadual e municipal) e particular, do centro, periferia e zona rural. A síndrome metabólica foi avaliada através do protocolo estabelecido por Ferranti et al. (2004), o qual estabelece presença desta condição, em adolescentes com 12 anos ou mais, quando 3 componentes ou mais apresentarem alteração, considerando triglicerídeos (= 100 mg/dL), colesterol HDL (< 50 mg/dL), glicose (= 110 mg/dL), PAS (> percentil 90, de acordo com sexo, idade e estatura) e CC (> percentil 75, considerando sexo e idade). A avaliação do nível socioeconômico foi realizada pelo critério da Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa (ABEP, 2012). Os dados referentes a sexo, idade e região de moradia foram obtidos através de questionário, autorreferido pelo escolar. Todas as análises foram realizadas utilizando o software estatístico SPSS v. 23.0 (IBM, Armonk, USA). Dos sujeitos avaliados, 55,8% são do sexo feminino e 53,8% apresentam nível socioeconômico na classe C. A frequência de SM foi de 5,8%; porém, quando avaliado cada componente da SM de forma separada, observa-se elevado percentual de alteração para triglicerídeos (16,9%), colesterol HDL (18,8%), PAS (20,1%) e CC (20,1%). Quando testada a associação entre a presença de SM e indicadores sociodemográficos, não foi encontrada diferença significativa para sexo, idade, nível socioeconômico e região de moradia. A comparação da presença de alteração em cada componente da SM, de forma separada, com os indicadores sociodemográficos, demonstra que indivíduos do sexo feminino apresentam maior frequência de alteração nos níveis de TG (p=0,002) e que escolares que residem no centro e na periferia apresentam maior frequência de alteração para o colesterol HDL (p<0,001). Por outro lado, a alteração na PAS foi mais frequente nos escolares da zona rural e do centro (p=0,037). Para os demais componentes, não foi encontrada associação significante com sexo, idade ou nível socioeconômico. O estudo demonstrou baixa frequência de síndrome metabólica em adolescentes. Porém, quando avaliado cada componente separadamente, observa-se elevada frequência de alteração nos níveis de triglicerídeos, colesterol HDL, pressão arterial sistólica e circunferência da cintura. A síndrome metabólica não esteve associada com indicadores sociodemográficos. Por outro lado, observa-se que níveis alterados de triglicerídeos são mais frequentes entre as meninas; a alteração no colesterol HDL é mais frequente nos escolares residentes do centro e da periferia e a alteração da PAS foi mais frequente nos adolescentes da zona rural e do centro.
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