QUANTIFICAÇÃO DE HEMOGLOBINA GLICADA EM SANGUE TOTAL POR ESPECTROSCOPIA DE REFLETÂNCIA DIFUSA NO INFRAVERMELHO: UM ESTUDO COM TRABALHADORES

Cassiane de Mendonca Braz, Guilherme Görgen da Rocha, Patrik Nepomuceno, Valeriano Antonio Corbellini, Miriam Beatris Reckziegel, Hildegard Hedwig Pohl

Resumo


A saúde do trabalhador tem enfocado nas últimas décadas, a assistência e vigilância em saúde, sendo as intervenções pautadas na concepção de que a saúde não significa apenas a ausência de doenças, mas também a transformação dos processos de trabalho em seus diversos aspectos. Na direção de buscar não apenas a redução de riscos pontuais, mas que a inserção do trabalhador no processo produtivo seja potencializadora da saúde e da qualidade de vida. É importante ressaltar que os trabalhadores estão expostos a fatores de risco de um amplo espectro de agravos, destancando-se portanto a importância de sua monitorização. Como um dos componentes preditores da diabetes melitus (DM) a hemoglobina glicada (A1C) é um marcador de alterações metabólicas, formada a partir da ligação espontânea de uma parte da glicose circulante no sangue com a hemoglobina A, sendo chamadas glicadas, quanto maior for à concentração de glicose no sangue, mais hemoglobina glicada se forma. Atualmente, a manutenção do nível de A1C abaixo de 7% é considerada como uma das principais metas no controle do DM. Estudos prévios demonstram que a hemoglobina glicada tem menor variação intra-individual e melhor prediz as complicações micro e macrovasculares. Sua dosagem possui a vantagem do paciente não precisar estar em jejum e a desvantagens pelo elevado custo. Recentemente, tem-se cogitado utilizar A1C como um complemento dos testes convencionais para rastrear ou diagnósticar a DM com mais especificidade. Novos métodos para a dosagem de diferentes marcadores estão sendo pesquisados, e entre eles a Espectroscopia de Absorção Molecular no Infravermelho com Transformada de Fourier (FT-IR). Esta classifica-se como uma metodologia com tecnologia limpa superando em muitos aspectos as metodologias clássicas de quantificação de parâmetros bioquímicos. O objetivo foi desenvolver uma metodologia de análise por FT-IR, utilizando amostra biológica, para quantificar hemoglobina glicada em trabalhadores. A hemoglobina glicada foi dosada pelo método de referencia e pelo sangue total, em 19 indivíduos integrantes da pesquisa "Novas abordagens para diagnóstico de doenças em trabalhadores e escolares". Para a análise por FT-IR, os espectros de sangue total foram registrados entre 4000 a 650 cm-1 com uma resolução espectral de 4 cm-1 e 16 scans, estes foram normalizados, corrigidos para espalhamento de luz (MSC) e normalização, submetidos ao pré-processamento centrado na média (CM), correlacionando os valores de hemoglobina glicada por análise de regressão por mínimos quadrados parciais (PLS) para validação cruzada com mútua exclusão de um por vez em software Pirouette® 4.0. Para a elaboração de um modelo PLS-DRIFTS de hemoglobina glicada foi preciso realizar otimização espectral com a exclusão das faixas espectrais de 100 em 100 cm-1, sendo o melhor modelo encontrado com coeficiente de determinação (r2) de 0,999 e erro quadrático médio padrão (RMSECV) de 0,003 mg/dL, utilizando 2 fatores, restando a faixa com os comprimentos de onda de 850-950; 1150-1350; 2050-2450; 3650-3850; 3950-4000. Os resultados permitem concluir que a FT-IR demonstrou alta correlação com a hemoglobina glicada, podendo, através de validação externa e aumento do número de sujeitos, criar um método de predição desta variável, sendo uma metodologia inovadora, pois utiliza pequena quantidade de amostra biológica e não requer reagentes.

Apontamentos

  • Não há apontamentos.