A ESCRITA DE PROFESSORES EM FORMAÇÃO PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

Mariane de Barros Brum, Regina Caroline Bauer, Vandriane Tavares da Silveira, Felipe Gustsack

Resumo


Apresentamos, neste estudo, decorrente das ações do projeto de pesquisa Experiências de escrita e letramento na formação de professores para a Educação Básica, reflexões acerca de questões relacionadas à escrita de professores em formação. As amostras empíricas foram 32 textos de alunos do Curso de Pedagogia - UNISC. Nossa metodologia partiu do levantamento e discussão de problemas de escrita quanto aos aspectos gramaticais e de produção textual, envolvendo a observação dos critérios de coesão e coerência, ortografia e argumentação. Ao considerarmos que esses professores serão responsáveis pelas experiências elementares das crianças no mundo da escrita e que os aspectos estudados estão entre os temas que remetem à alfabetização e ao letramento, nosso objetivo é questionar os efeitos decorrentes das dificuldades constatadas na formação destes docentes e possíveis consequências para sua atuação profissional. Para a discussão dos aspectos mencionados tomamos como referência os trabalhos de Bechara, Cegalla e Koch. Ao estudarmos os aspectos de coesão e coerência constatamos que apesar de todos os textos apresentarem alguma coerência, grande parte possui problemas na coesão. Em sua maioria, 75%, apresentam problemas na progressão textual, sendo que há variações de uns para outros, em aspectos como segmentação, progressão tópica, encadeamento, referenciação, sequenciação ou quanto à estrutura dos enunciados. No mesmo sentido, aproximadamente 31% dos textos mostram carências de seus autores no domínio de vocabulário; 28% manifestam inadequações de concordância nominal e 78% de concordância verbal, fatores que prejudicam a construção do sentido do texto, mas não impossibilitam sua compreensão. Quanto à ortografia, cerca de 71% dos textos apresentam problemas de pontuação, 78% de acentuação e 46% na grafia das palavras. A argumentação, entretanto, foi um critério com resultado positivo, visto que os autores em geral fundamentaram seus argumentos e utilizaram estratégias na defesa de suas ideias. Consideramos tais resultados significativos, chamando a atenção para a necessidade de que os professores da Educação Básica tenham uma formação com conhecimentos aprofundados dos conteúdos e da didática para que possam melhor auxiliar na aprendizagem dos alunos; o que se coaduna com os estudos de Cagliari e Faraco, entre outros.  Porém, frente aos problemas encontrados, percebemos que essa formação vem ocorrendo com carências que podem prejudicar na mediação da aprendizagem dos alunos, podendo as mesmas ser reproduzidas na sala de aula com eles e até pelos mesmos. Constatando que esse problema ocorre em consequência de uma insuficiência da prática de escrita na formação dos professores, pensamos que cabe ao ensino superior a tarefa de formular estratégias que modifiquem a situação que pode acarretar dificuldades na prática dos professores em sala de aula, como vem sendo abordado nos trabalhos de Gustsack. Não pretendemos, neste estudo, propor soluções para os fatos constatados, mas vale sugerir modificações no currículo de formação de professores, que aprofundem a experiência de escrita no curso e que possam auxiliar no enfrentamento de tais dificuldades. Em suma, almejamos chamar a atenção para esta realidade e salientar a necessidade de maiores percursos da experiência de escrita na formação de futuros formadores.

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