DOR LOMBAR E FATORES ASSOCIADOS EM TRABALHADORES RURAIS DA MICRORREGIÃO SUL DO CONSELHO REGIONAL DE DESENVOLVIMENTO DO VALE DO RIO PARDO – RS

Patrik Nepomuceno, Luíza Müller Schmidt, Polliana Radtke dos Santos, Miriam Beatrís Reckziegel, Hildegard Hedwig Pohl

Resumo


O intenso esforço físico realizado nas atividades laborais da zona rural predispõe os trabalhadores desta categoria ao desenvolvimento de agravos à saúde, como os distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho, dentre estes distúrbios podemos citar a dor lombar, que é um sintoma de etiologia multifatorial. Estimativas apontam que de 60 a 80% da população geral irá apresentar episódios de lombalgia em algum momento da vida, podendo ser decorrente da atividade laboral desempenhada. Além disso, o aumento da adiposidade corporal pode estar associado ao surgimento desta algia, em virtude da sobrecarga que impõe à coluna vertebral. Este estudo justifica-se pela necessidade de avaliar os fatores associados à dor lombar em trabalhadores rurais, sendo esta uma população historicamente desassistida e que possuí dificuldades de acesso aos serviços de saúde, bem como subsidiar o desenvolvimento de ações de promoção da saúde e prevenção de agravos relacionados à dor lombar. Desta forma, o objetivo foi analisar os fatores associados a dor lombar em trabalhadores rurais. Trata-se de um estudo transversal, observacional e quantitativo que avaliou trabalhadores rurais da microrregião Sul do Conselho Regional de Desenvolvimento do Vale do Rio Pardo – RS. Para análise foram coletados os dados de idade, tempo de trabalho em anos (AT) e horas trabalhadas por dia (HT/d) através de um questionário autorreferido. Em seguida, foram aferidos o peso corporal e a estatura, para posterior cálculo do índice de massa corporal (IMC), e mensuradas a circunferência abdominal (CA) e do quadril (CQ). Para a flexibilidade foi utilizado o teste de sentar e alcançar (TSA). A intensidade da dor lombar foi avaliada através da Escala Visual Analógica (EVA), sendo os indivíduos separados em três grupos, “sem dor” (pontuação 0), “dor leve a moderada” (pontuação 1 a 5) e “dor moderada a intensa” (pontuação 6 a 10). Os dados foram expressos através de média e desvio-padrão, frequência absoluta e relativa e a estatística consistiu na análise de variância através do ANOVA, considerando p<0,05. Foram avaliados 55 voluntários com idade média de 48,4 (DP 12,2) anos, sendo a maioria do sexo feminino (54,5%) e casados (76,4%). Dos trabalhadores, 37 (67,3%) referiram queixas de dor lombar, com média de dor na EVA de 3,4 (DP 2,7). Os resultados sugerem que a idade (p=0,743), AT (p=0,430), HT/d (p=0,581), CA (p=0,117) e TSA (p=0,343) não estão relacionados a presença de dor lombar nos indivíduos pesquisados. Entretanto houve associação significativa com as variáveis de IMC e CQ (p=0,035, p=0,049, respectivamente). Diante disso, verifica-se que o tempo de trabalho em anos e horas/dia e a flexibilidade não apresentaram relação significativa com a presença de dor lombar, porém observou-se que o aumento na adiposidade está associado a maiores valores de dor.

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