EDUCAÇÃO E INFÂNCIA: MÍMESIS COMO EXPERIÊNCIA LÚDICA DE LINGUAGEM

Tais Milene Rusch, Ângela Cristine Schulz, Sandra Regina Simonis Richter

Resumo


Este trabalho tem por objetivo refletir acerca de estudos e ações realizadas como bolsistas de Iniciação Científica no projeto de pesquisa Educação, arte e infância: mímesis e experiência de linguagem na Educação Infantil, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da Universidade de Santa Cruz do Sul – UNISC. O projeto busca investigar a complexa relação entre corpo, jogo e mundo para destacar a potência inventiva da linguagem nos processos de produção de sentidos na convivência. O estudo focaliza a relação educacional entre arte e infância como experiência lúdica de linguagem entre adultos, bebês e crianças pequenas no espaço e tempo da Educação Infantil. Para tanto, a abordagem teórico-metodológica é sustentada na interlocução filosófica entre arte e educação, a partir das fenomenologias de Merleau-Ponty, Agamben e Kohan. Para destacarmos a experiência de ser brincante na e com a linguagem, este trabalho se detêm na concepção de mímesis como repetição lúdica de fazeres que engendram ficção e jogo, narrativas e brincadeiras, alicerçados tanto no prazer quanto no desafio de produzir sentidos com outros e tecer realidades. É na sensível interação entre corpo e mundo que o fenômeno da mímesis emerge simultaneamente da experiência comum da linguagem partilhada e de compartilhar os mesmos gestos. Fenômeno tão relevante quanto obscuro, pois diz respeito à produção de sentidos pela ação do corpo no mundo como condição tanto de constituição da singularidade quanto do pertencimento ao mundo comum. Nessa compreensão, a concepção de infância ultrapassa a idade cronológica, pois como afirma Agamben, é nela que a experiência de linguagem acontece por ser inexistência e procura da linguagem. A criança não nasce com linguagem, ela aprende a estar nas diferentes dimensões da linguagem porque tem infância. Assim, estamos sempre aprendendo e nossa experiência na e com a linguagem nunca acaba, está sempre em movimento, é sempre um começo ou recomeço: começo a aprender e a vivenciar e, neste processo de aprendizagem e transformação, coloco meu corpo em interação com a linguagem, linguagem esta que se encontra no e com o mundo. A potência de narrar – recontar, refazer, refigurar – o modo como sentimos e experimentamos o mundo, como nele instauramos nossa existência mundana, exige aprender a participar do mundo. Exige das crianças situarem suas experiências linguageiras às existentes a partir da ação singular de um corpo que vai aprendendo a operar sentidos no coletivo através do ato lúdico de reelaborar modos de estabelecer vínculos e relações com a realidade. Essa afirmação aponta para a relevância educacional de compreendermos não apenas a responsabilidade dos adultos com os começos linguageiros, mas também que as crianças são capazes de aprenderem, em seus jogos e brincadeiras, a interpretar e engendrar ações e narrativas que recontam e refazem o vivido, permitindo interpretá-lo.

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