O DESENVOLVIMENTO DA AUTONOMIA DE CRIANÇAS DIAGNOSTICADAS COM TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA (TEA) ATRAVÉS DA TECNOLOGIA TOUCH
Resumo
O projeto de pesquisa “Na ponta dos dedos: o iPad como instrumento complexo de cognição/subjetivação”, que visa o processo de complexificação dos sujeitos diagnosticados com Transtorno do Espectro Autista (TEA) ao acoplarem-se com o ambiente e as novas tecnologias, é vinculado ao Grupo de Ações e Investigações Autopoiéticas (GAIA) sustentado pelo conceito de Ontoepistemogênese. O projeto matriz tem como base os estudos sobre o paradigma da complexidade e da plasticidade neuronal, assim como os princípios da auto-organização descritos por Heinz Von Foerster e do conceito de autopoiesis desenvolvido pelos biólogos Humberto Maturana e Francisco Varela. No projeto vinculado, as pesquisadoras investigam a relação dos sujeitos com a tecnologia touch e a complexidade dos mecanismos observados a partir do acoplamento, no qual perturba estados afetivos e cognitivos. O referido conta com a atuação de bolsistas do curso de Pedagogia e Psicologia, que acolheram três crianças no período entre agosto de 2017 a agosto de 2018, de 2 à 9 anos de idade, diagnosticadas com o Transtorno do Espectro Autista (TEA) para serem realizados atendimentos e observações sustentadas pelos conceitos estudados. Os atendimentos acontecem, semanalmente, no Serviço Integrado de Saúde (SIS), onde o principal recurso utilizado é o iPad enquanto instrumento que permite a complexa integração das crianças com vídeos, fotos e jogos. Nesse momento, as pesquisadoras observam a maneira acoplada entre sujeito/máquina, sujeito/ambiente e sujeito/sujeito que, posteriormente, será registrada em diários de bordo e autonarrativas. Desta forma, as perturbações realizadas nos atendimentos provocam (re)atualizações nos modos de viver/conhecer de cada criança assistida, assim como o desenvolvimento de sujeitos mais autônomos, que se caracteriza através de novas situações vividas. As bolsistas constataram a construção de laços afetivos entre sujeito/sujeito, sujeito/máquina, visto que a relação acoplada das crianças com a pesquisadora e com o iPad foi significativa durante os atendimentos. Isto mostra o quanto pode ser fortalecedor a perturbação para o desenvolvimento através da tecnologia. Uma das crianças apresentou novas maneiras de se acoplar com o ambiente através das perturbações realizadas com músicas, caracterizando uma transformação subjetiva ao potencializar suas relações interpessoais. O interesse por especificidades também é uma emergente no momento em que o sujeito compreende o espaço em que vive sua experiência enquanto um lugar de liberdade, em que pode explorar da forma que achar mais interessante, bem como demonstrar as suas habilidades. A pesquisa aposta no processo de auto-organização de cada sujeito, ao mesmo tempo em que rompe com as rotinas e proporciona a neuroplasticidade a partir da complexificação de cada experiência. Portanto, conclui-se parcialmente que através das perturbações realizadas houve um considerável desenvolvimento intelectual, motor e físico, pois com o passar dos meses ocorreu a perda gradativa da extrema sensibilidade auditiva, reconhecimento em fotos realizadas no decorrer dos atendimento, aceitação do contato físico e respostas aos questionamentos que lhe eram impostos, sendo estas com sorrisos ou gestos, além disso estabeleceu-se uma relação mais próxima com o iPad utilizando suas diferentes ferramentas.
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