HIDRÓLISE ENZIMÁTICA DE BIOMASSA DE MICROALGA SPIRULINA PLATENSIS

Jennifer Jülich, Eliana Betina Werlang, Manuela Gassen, Maria Viviane Gomes Müller, Rosana de Cassia de Souza Schneider

Resumo


Microalgas são microrganismos fotossintéticos que podem crescer rapidamente e viver em condições adversas, usam uma enorme quantidade de CO2, surgindo como um método promissor para biorremediação, e são capazes de assimilar nutrientes (como, C, N e P) e converter este CO2 em biomassa, liberando via fotossíntese O2 para a atmosfera. As microalgas acumulam grandes quantidades de polissacarídeos e triacilgliceróis, sendo adequadas para produção de etanol e biodiesel. A hidrólise de polissacarídeos de microalgas para monossacarídeos é realizada a partir de métodos químicos e enzimáticos. Embora o método químico produza altas concentrações de açúcares fermentescíveis em um curto espaço de tempo, este método requer condições severas de reação produzindo subprodutos, o que pode inibir o processo de fermentação e levar a resultados dispendiosos de descarte de resíduos. Em contraste, a hidrólise enzimática também produz grandes quantidades de açúcares fermentescíveis sob condições suaves, sem produzir alta concentração de substâncias inibidoras. Quando há alto teor de amido, a gelatinização e a liquefação podem ser realizadas pela a-amilase, a liquefação também pode ser realizada pela glucoamilase, transformando em unidades de glicose. Por último utiliza-se uma mistura de enzimas, sendo elas celulases e hemicelulase, que atuam na clivagem das ligações glicosídicas sinergicamente, atacando as ligações até o produto final ser monossacarídeos. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo realizar a hidrólise enzimática da microalga Spirulina platensis visando a produção de monossacarídeos que possam ser empregados na produção de etanol. As enzimas a-amilase (Liquozyme Supra), glucoamilase (AMG 300L),  HTec2 e Ctec2, todas da Novozymes ® foram empregadas para a hidrólise dos polissacarídeos da biomassa em estudo. As celulases foram analisadas quando a atividade enzimática empregando o método descrito pela National Renewable Energy Laboratory (NREL-USA). A determinação do valor máximo de açúcares contidos na biomassa empregou-se o método de hidrólise com ácido concentrado da NREL-USA. Para a hidrólise enzimática, pesou-se 0,1 g de biomassa moída que passou pelo pré-tratamento com etanol, sob ultrassonicação. Adicionou-se 20 mL de uma solução de a-amilase, preparada com 6 µL de enzima em 20 mL de água ultrapura. O pH da solução foi ajustada a pH 6 com solução de ácido fosfórico 0,1 %. As amostras foram levadas a 90°C por 2h, sob agitação esporádica. Após esse período, adicionou-se 5 µL da glucoamilase, e a agitação passou a 200 rpm, durante 2h e a 60°C. Em sequência, realizou-se um experimento com diferentes concentrações de celulase a 200 rpm, por até 72h e a 50°C. Ao final, as amostras foram centrifugadas a 13400 rpm, durante 30min. As alíquotas centrifugadas foram armazenadas em vials para posterior análise em Cromatografia Líquida de Alta Eficiência (HPLC), utilizando o método descrito por Lamb et al. (2018). Com base no planejamento de experimento realizado observou-se que os melhores resultados foram obtidos com a sequência a-amilase, glucoamilase e celulase a 8 FPU para HTec2. O valor máximo de açúcares produzidos foi de 40 %, similar ao valor máximo de açúcares em potencial determinados pela hidrólise com ácido concentrado. Desta forma, pode-se concluir que a hidrólise enzimática como foi otimizada permite a obtenção do máximo de açúcares presentes na biomassa de microalga Spirulina platensis.


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