INFLUÊNCIA DA QUALIDADE DO SONO SOBRE A VARIABILIDADE DA FREQUÊNCIA CARDÍACA EM PACIENTES COM DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA

Sabrina Antonio de Souza, Camila da Silva Brinques, Andrea de Aguiar Peters, Renata Trimer, Andréa Lúcia Gonçalves da Silva, Tania Cristina Malezan Fleig

Resumo


Durante o sono ocorre a interação de diferentes fatores como controle respiratório e controle muscular das vias aéreas superiores, que podem refletir na acentuação dos distúrbios de trocas gasosas em indivíduos com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). Alterações na fisiologia do sono podem também resultar em modificações na frequência cardíaca (FC) e na variabilidade da frequência cardíaca (VFC). A VFC é um marcador que compreende as oscilações entre os intervalos RR dos batimentos cardíacos, refletindo nas modificações resultantes do sistema nervoso autonômico sobre o comportamento da FC, sendo que banda de alta frequência (AF) corresponde à modulação respiratória do nervo vago sobre o coração e a baixa frequência (BF) é decorrente da ação conjunta dos componentes parassimpático e simpático sobre o coração, mas com predomínio do simpático. Avaliar a influência da qualidade do sono (QS) sobre a VFC de pacientes DPOC. Estudo transversal com amostragem de conveniência que incluiu 23 pacientes com DPOC sem arritmia cardíaca. A qualidade do sono (QS) foi avaliada pelo questionário de Pittsburgh e classificada em boa (QS entre 0 e 4 pontos) ou ruim (QS entre 5 e 10 pontos). Utilizou-se o cardiofrequencímetro (Polar® S810i) para obtenção dos sinais de FC. Posteriormente os dados da VFC foram analisados no software Kubios® (versão 2.2), sendo apresentados os resultados da análise do domínio da frequência AF, BF e a razão BF/AF, nas posições supino, ortostase e sedestação obtidas em 10 minutos. Os resultados foram analisados no programa SPSS versão 23.0 e expressos em média e desvio padrão, sendo utilizado o teste de Mann Whitney e ANOVA com post teste de Tukey. 15 (65%) pacientes DPOC com estadiamento entre moderado a muito grave [sexo masculino (n=12; 80%); idade média 68,0±10,0 anos] possuíam boa QS e 08 (35%) pacientes com estadiamento entre moderado a grave [sexo masculino (n=5; 63%); idade média 62,6±6,3 anos] possuíam QS ruim. Nenhuma diferença significativa foi encontrada entre os grupos QS boa e ruim para os índices BF, AF e a relação BF/AF nas diferentes posições (p>0,05). Na análise intra grupo, no grupo QS boa observamos um aumento dos valores da razão BF/AF da passagem de posição supino para sedestação (1,4±1,0 vs 2,1±1,8, p<0,001) e de sedestação para ortostase (2,1±1,8 vs 2,7±2,8, p<0,001); no grupo QS ruim encontramos um aumento da razão BF/AF de supino para sedestação (3,9±4,0 vs 4,9±5,3, p<0,001) e uma redução da razão BF/AF na passagem da posição supino para ortostase (3,9±4,0 vs 3,4±2,1, p<0,001). Nenhuma correlação foi identificada entre os índices de VFC com o grau de obstrução das vias aéreas. Pacientes DPOC com QS ruim apresentam menor balanço simpato vagal nas trocas de posição supino para ortostase. Os pacientes com QS boa apresentam resposta adequada da relação BF/AF durantes as trocas de posição.

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