MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS COMO BIOINDICADORES DE QUALIDADE DA ÁGUA DE UM TRECHO DO RIO FORQUETA, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL

Karine Erath Dores, Régis Josué Bohn, Paulo Francisco Kuester, Guilherme Mesquita de Souza, Duberly Mosquera Restrepo, Andreas Köhler

Resumo


Os macroinvertebrados bentônicos compreendem seres usualmente vistos a olho nu, cujo tamanho é superior a 0,5 mm ao final do seu estado larval, passando parte do ciclo de vida nos substratos de fundo de corpos d’água. Suas populações são afetadas por alterações na composição natural dos sistemas aquáticos, refletindo e fornecendo dados relacionados à saúde do ecossistema. Por esse motivo, vem sendo utilizados como bioindicadores. No presente trabalho avaliou-se a qualidade do corpo hídrico de três pontos amostrais ao longo de um trecho de 6,8 km do Rio Forqueta, por meio dos índices biológicos Biological Monitoring Working Party (BMWP) e Average Score per Taxon (ASPT), que fazem uso de macroinvertebrados bentônicos. Juntamente, analizou-se a riqueza total, frequência, dominância, riqueza de famílias de Ephemeropterea, Plecoptera e Trichoptera (EPT), e a similaridade destas comunidades. As coletas foram realizadas em uma campanha dos dias 8 a 10 de fevereiro de 2019, em um trecho entre os municípios de Fontoura Xavier e Arvorezinha. As mesmas foram efetuadas utilizando-se uma rede entomológica aquática do tipo puçá em “D” com 0,20 m² de área e malha de 300 µm. Os pontos foram escolhidos aleatoriamente, compreendendo três estações de amostragem em cada, sendo totalizadas nove amostras de material biológico em um esforço amostral geral de cerca de 10 minutos. Para tanto, foram realizados arrastes por varredura pelo sedimento, buscando a representatividade dos mais variados habitats do rio, em diferentes substratos e fluxos de água. Em laboratório, classificou-se os organismos até o nível máximo taxonômico possível. Foram coletados 32.546 exemplares pertencentes a 66 táxons, sendo a maior riqueza observada no ponto 1. Os táxons mais frequentes e categorizados como eudominantes foram Baetidae, com 7.917 indivíduos amostrados (24,3%), Chironomidae com 6.668 (20,5%), Simuliidae com 5.717 (17,6%), e Elmidae com 3.689 (11,3%). Já Hydropsychidae foi caracterizado como dominante, com 2.561 (7,9%). Os três locais de coleta apresentaram a mesma riqueza de famílias de EPT (15), no entanto foi verificado um aumento do seu percentual no ponto 3 (33,3%). O resultado da análise da caracterização da água através da aplicação do índice biológico BMWP categorizou-a de classe 1 e de qualidade excelente nos três ambientes estudados, porém pode-se constatar que houve um aumento dos táxons considerados como tolerantes às mudanças ambientais nos locais de amostragem mais distantes do ponto 3. Os valores obtidos a partir do cálculo do ASPT indicaram os pontos 1 e 2 como de qualidade duvidosa, ao passo que o ponto 3 foi diagnosticado como de água limpa. A análise da similaridade, que considera os dados qualitativos das amostras, apontou um agrupamento entre os pontos 2 e 3. Apesar da presença de táxons bioindicadores e dos índices biológicos exprimirem uma boa qualidade do corpo hídrico nos pontos amostrados do Rio Forqueta, no ponto 1 verificou-se uma tendência a diminuir a proporção de táxons de EPT, organismos mais sensíveis às mudanças decorrentes das atividades humanas. Concluiu-se que o avanço da atividade agrícola na área de estudo vem afetando negativamente a estrutura das comunidades, levando a um aumento de indivíduos adaptados às condições ambientais impactadas. Este trabalho reitera a importância da inclusão de estudos de macroinvertebrados na classificação da qualidade da água, e novas pesquisas fazem-se extremamente necessárias.

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