Este resumo integra o projeto de pesquisa “A aprendizagem da leitura e seus efeitos sobre a linguagem e a cognição”, cujo objetivo é analisar como e se o processo de aprendizagem de um sistema de leitura alfabético influencia no desenvolvimento de diferentes tipos de memória. Além disso, traz a proposta de investigação sobre as possíveis modificações nas funções cognitivas decorrentes desse processo. A aprendizagem da leitura está sendo abordada sob um viés cognitivo, e estudada desde a organização do léxico na mente do leitor até seu aspecto sociocognitivo. Neste ponto, são consideradas as culturas e as interações sociais que permeiam a aprendizagem das palavras, uma vez que são símbolos com diferentes significados e referências no léxico mental de cada indivíduo. A partir dessa perspectiva serão apresentados resultados parciais da análise do teste Span Verbal, utilizado para medir a capacidade da memória de trabalho, considerando a hipótese do limite de sete itens para este tipo de memória. A coleta de dados foi realizada nas cidades do Vale do Rio Pardo, entre os anos de 2016  e 2018, e divide-se em quatro subtestes compostos por palavras, monossilábicas e trissilábicas, e pseudopalavras, monossilábicas e trissilábicas. O teste propõe avaliar o efeito de comprimento (de 2 a 5 itens em cada subteste) e de lexicalidade (palavras e pseudopalavras) dos estímulos apresentados em quatro grupos pesquisados: crianças antes e após a alfabetização, adultos analfabetos e ex-analfabetos e adultos alfabetizados na infância. A partir desse teste, o presente estudo se propõe a investigar os efeitos da escolarização, da alfabetização e quais os recursos que a memória possivelmente utiliza para executar a tarefa proposta sem realizar erros, especialmente o erro de lexicalização. Este tipo de erro constitui-se quando o indivíduo não repete uma pseudopalavra e sim uma palavra que integra seu léxico, indicando que o cérebro aproximou uma pseudopalavra a uma palavra semelhante. A hipótese para o decorrido processo de lexicalização é de que os grupos que tiveram contato recente com o processo de alfabetização (crianças antes da alfabetização e adultos analfabetos e ex-analfabetos), comparados aos grupos que tiveram mais contato com a leitura de palavras (crianças após a alfabetização e adultos alfabetizados na infância), tenham menos recursos em sua memória verbal em relação ao processamento grafofonológico, portanto apresentam um nível maior de dificuldade em se tratando da recuperação na memória de trabalho.