EXPERIÊNCIA POÉTICA E DOCÊNCIA NA EDUCAÇÃO BÁSICA: LINGUAGEM, INTERCORPORALIDADE E MUNDO

Taís Milene Rusch, Sandra Regina Simonis Richter

Resumo


Este trabalho objetiva apresentar estudos e ações realizadas como bolsista de Iniciação Científica no projeto de pesquisa Experiência poética e docência na Educação Básica: linguagem, intercorporalidade e mundo, desencadeado em 2019 e vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação, da UNISC. O projeto estabelece uma interlocução interinstitucional entre grupos de pesquisa vinculados à UNISC, à UFRGS e à Escola de Educação Infantil da Universidade Federal Fluminense – COLUNI/UFF com o objetivo de investigar filosoficamente a relação entre linguagem, intercorporalidade e mundo para compreender possibilidades de planejar, organizar e realizar na Educação Básica a ação pedagógica que valora, desde a creche, a experiência lúdica e lúcida de ser brincante da e na linguagem como alegria da expansão de sentidos, como potência de pensamento e como conquista de significados na convivência. Em diálogo com as fenomenologias de Bachelard, Merleau-Ponty e Nancy e a hermenêutica filosófica de Gadamer, as ações de pesquisa interrogam modos de abordar experiências de linguagem que permitam ultrapassar tanto a clássica cisão entre corpo e mundo, entre imaginação e razão, quanto históricos obstáculos pedagógicos que remetem à simplificação nas concepções de artes, ciência e filosofia, ao mito pedagógico da criança criadora e naturalmente imaginativa, ao primado econômico do realismo e à fragmentação racional do corpo em linguagens ou áreas de conhecimento. Para tanto, aproxima ações de pesquisa, ensino e extensão através de encontros de formação continuada e eventos que integram artes plásticas, teatro, música, literatura e dança para se deter na problemática relação entre linguagem, intercorporalidade e mundo na escola de Educação Básica. A aproximação busca afirmar a relevância da docência na Educação Básica resistir à crescente tendência de submeter processos escolares à lógica econômica da produtividade e assim reduzir experiências de mundo porque compreende que uma linguagem simplificada não é o mesmo que uma linguagem simples. A aproximação entre professores de Educação Básica e grupos de pesquisa potencializa ações que afirmam a relevância educacional de favorecer possibilidades lúdicas e lúcidas de habitar o mundo pela consideração pedagógica tanto aos desafios ao raciocínio quanto às provocações à imaginação. A experiência lúdica do corpo sensível no e com o mundo, como dimensão brincante da e na linguagem, é sustentada a partir do fenômeno da mímesis como pensamento em ato, como presença, como gesto do corpo, como um saber encarnado exigente porque interpelado pelo mundo. Esse é o jogo: a alegria da expansão do pensamento. Implica negar a concepção de “imitação” e de “repetição” como “cópia” para afirmar o prazer lúdico das crianças repetirem para se apropriarem do mundo. É pela ação mimética que nos reapropriamos do mundo ao recriarmos sentidos que nele nos situam a partir da produção de sentidos na coexistência. Tal produção é sempre uma experiência poética de linguagem, a qual emerge da repetição lúdica de fazeres que engendram ficção e jogo, narrativas e brincadeiras, alicerçados tanto no prazer quanto no desafio de produzir sentidos com outros e tecer realidades. Nesta abordagem, buscamos resistir à tendência contemporânea de simplificação da existência pela simplificação dos processos de aprender a imaginar modos de estar em linguagem no mundo comum. Um compromisso com o “fogo” da imaginação que precisa a cada geração ser reacendido.  

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