ESTRATÉGIAS DE SAÚDE DA FAMÍLIA: NARRATIVAS ACERCA DO FENÔMENO DA DROGA E DA DROGADIÇÃO NO MUNICÍPIO DE SANTA CRUZ DO SUL

Marcia de Bastos Braatz, Mariana Soares Teixeira, Rayssa Madalena Feldmann, Denise Vidal, Laís Machado Corrêa, Edna Linhares Garcia

Resumo


O consumo de drogas configura-se como uma prática que transcende a contemporaneidade, ocupando diferentes espaços e sentidos na cultura em que o fenômeno é percebido. E, atualmente, tem sido considerado um problema de saúde pública; dinâmica essa que suscita um olhar aprofundado e interdisciplinar acerca do uso e abuso de drogas, bem como o entendimento de suas conjunturas sociais, econômicas e culturais. A pesquisa “Narrativas de adolescente sobre drogas e os serviços de saúde mental CAPSia e CAPSad: intersecções possíveis no contexto de Santa Cruz do Sul.”, vem desenvolvendo suas atividades voltadas à compreensão, justamente, do fenômeno da droga e da drogadição na adolescência, de modo a vislumbrar os sentidos e os lugares que a droga ocupa na constituição subjetiva dos sujeitos, bem como sua relação com o território. Busca englobar as percepções dos adolescentes, escola e Estratégias de Saúde da Família- ESF’s, em 20 territórios do município de Santa Cruz do Sul entre os anos de 2018 e 2019. Esta escrita debruçar-se-á, sobre o recorte dos dados produzidos com 11 ESF’s e cerca de 20 profissionais da área da saúde. Foi utilizado um roteiro de Entrevista Semiestruturado. As entrevistas foram áudio-gravadas, transcritas e analisadas a partir dos pressupostos de Mary Jane Spink acerca da produção de sentidos. Os principais marcadores que surgem a partir da análise dos conteúdos produzido junto às ESF’s, vão de encontro ao consenso em relação a presença de drogas lícitas e/ou ilícitas em todos os territórios, configurando-se como problemática à população, seja pelo seu consumo e abuso, seja pela própria realidade do tráfico de drogas. O que em algumas localidades assume caráter de dupla preocupação aos profissionais da saúde, em relação à própria segurança e dos usuários, explicitando a necessidade da articulação com diversos setores do município, como assistência social e até mesmo o judiciário. A diversidade em relação às estratégias de intervenção também se destacou; não raramente, as ESF’s declararam saber da existência da problemática, caracterizavam-na e reconheciam a necessidade de maior intervenção, porém, não desenvolviam atividades diretamente ligadas a ela, seja na própria unidade de saúde ou na escola de referência. As justificativas ancoraram-se na falta de pessoal para suprir todas as demandas da ESF; baixa adesão por parte da população usuária; outras prioridades eleitas pelas escolas e pela equipe de saúde nas ações do Programa Saúde na Escola. Para as ESF’s que relataram realizar atividades voltadas para as drogas, evidenciou-se a especificidade territorial e as demandas que chegam às ESF, atitude que marca a forma como o próprio território concebe sua relação e suas formas de enfrentamento ao consumo de drogas. Ademais, outro marcador importante surge em relação às famílias, ao passo que aparecem com frequência na fala dos profissionais, ora como importantes sinalizadores e produtores de cuidado, ora como marcadores de risco, como nos casos de consumos de drogas intrafamiliar. Neste sentido, esta pesquisa vem observando as múltiplas faces da droga e da drogadição no município de Santa Cruz do Sul, privilegiando os diversos olhares acerca do fenômeno como importante estratégia na busca pela prevenção ao uso de drogas na adolescência e promoção da saúde.

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