A rápida transição demográfica e epidemiológica que atingiu o Brasil trouxe consigo o aumento da expectativa de vida e, consequentemente, do número de idosos na população. Projeções do IBGE sugerem que até o ano de 2060 a proporção de pessoas acima de 65 anos será equivalente a 25,5% da população total do país. A forma como este processo ocorre e em quais condições são alvos de estudos relevantes de pesquisadores da área do envelhecimento. Nos primeiros estudos sobre o aumento da população idosa, acreditava-se que a queda dos índices de mortalidade representasse adequadamente os avanços nas condições de saúde dos idosos. Como a taxa de mortalidade estava em queda, assumia-se que as condições de saúde estavam melhorando. Entretanto, estudos mais recentes demonstram que redução da mortalidade não implica necessariamente em anos adicionais com saúde e autonomia. É necessário levar em conta que a saúde da população idosa é multidimensional e que a melhora em uma dimensão não se reflete necessariamente em outra. Assim, a partir da Organização Mundial da Saúde (OMS) formou-se um consenso de que outros indicadores são importantes para se avaliar as tendências em saúde dessa população. Entre estes estão a autopercepção de saúde, a prevalência de doenças e de condições crônicas e a capacidade funcional. Estas medidas conseguem captar o bem-estar físico, mental e social dos idosos. Tendo em vista este cenário de discussão, o presente estudo objetivou verificar quais as condições de saúde de idosos residentes da zona rural do Município de Santa Cruz do Sul, partindo de um recorte do projeto de pesquisa intitulado “Estudo Socioeconômico e Demográfico da População Idosa no Meio Rural do Município de Santa Cruz do Sul”. Para isto, utilizou-se a abordagem quantitativa, e os dados que serão apresentados a seguir foram coletados a partir de um questionário socioeconômico e demográfico, baseado no modelo utilizado pelo IBGE para o censo de 2010. Para a obtenção dos dados foram selecionadas as respostas das questões acerca de problemas de saúde e autopercepção de saúde. Ao todo participaram da pesquisa 236 idosos, 71 homens e 165 mulheres, entre 60 e 96 anos de idade. A análise dos dados foi realizada através do software Statistical Package for Social Sciences (SPSS) - Versão 18.0, e os resultados foram averiguados por meio de estatística descritiva. Acerca da autopercepção de saúde, 50,2% dos entrevistados afirmam possuir boas condições de saúde, o que pode levar ao alto índice de capacidade funcional, já que 51,2% relatam não ter dificuldades na realização de tarefas diárias ou de trabalho. Apesar destes indicadores apresentarem bons números, todos alegam sofrer com algum tipo de doença crônico-degenerativa, como diabetes, hipertensão e problemas de coluna. Problemas estes que segundo a OMS, também afetam 70% da população idosa brasileira. Mesmo com uma melhora evidente na saúde da população, os idosos do país ainda são acometidos por muitas doenças, deixando claro que o aumento da longevidade demonstra evoluções nas condições de saúde, mas não leva necessariamente a um envelhecimento com mais qualidade de vida. Conhecer os principais fatores que atuam sobre o envelhecimento, como a saúde, colabora diretamente no nível de qualidade de vida que se deseja alcançar para a população idosa no país, já que este saber pode guiar a criação de ações públicas e sociais de várias esferas que buscam agir para minimizar riscos e fragilidades das pessoas idosas.