APLICAÇÃO DA ABORDAGEM DA AVALIAÇÃO DO CICLO DE VIDA SOCIAL (S-LCA) EM UMA COOPERATIVA DE CATADORES DE MATERIAIS RECICLÁVEIS EM RIO PARDO/RS, BRASIL
Resumo
A introdução de cooperativas de reciclagem em sistemas de gestão de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) apresenta-se como uma estratégia para contornar os desafios da acentuada geração de resíduos. Nesse sentido, vários benefícios são apresentados por essas organizações, como a melhoria da qualidade ambiental das cidades, redução de envio de materiais para aterros sanitários e ainda a geração de emprego e renda aos elos mais frágeis da sociedade. No entanto, essas organizações encontram desafios, sobretudo sociais, que lhes impedem de se apropriarem de um maior valor pelo trabalho desenvolvido, sendo este não somente monetário, mas também de condições dignas de trabalho, que ofereça segurança e qualidade de vida, assegure a garantia de direitos, valorização e reconhecimento. Nesse contexto, como forma de apoiar à tomada de decisão sobre quais alternativas podem ser conduzidas para mudança de problemáticas sociais, tem-se o surgimento da abordagem da Avaliação do Ciclo de Vida Social (S-LCA), uma metodologia complementar aos estudos de Avaliação do Ciclo de Vida (ACV), que permite através de indicadores sociais vinculados a subcategorias de impacto propor melhorias ao longo do estágio do ciclo de vida de produtos e serviços com vista a apoiar decisões e conduzir práticas de negócios socialmente mais responsáveis, atuando com base nos princípios da sustentabilidade social. Dessa forma, o desenvolvimento da abordagem S-LCA foi desenvolvido na Cooperativa de Catadores de Materiais Recicláveis de Rio Pardo – COCAMARP, situada no município de Rio Pardo/RS. O objetivo compreendeu analisar o desempenho social da organização, explorando aspectos positivos e negativos relacionados a atividade de reciclagem a fim de obter informações que permitam apoiar à tomada de decisões sobre quais ações devem ser conduzidas para melhoria das atividades relacionados ao contexto de atuação da Cooperativa. Para tanto, a metodologia utilizada compreendeu três etapas. Primeiramente, definiu-se categorias de impacto, sendo elas compostas pelos trabalhadores da Cooperativa; a Comunidade pelas pessoas que residem nas proximidades da organização, bem como, instituições escolares; e a sociedade pelo poder público municipal. A segunda etapa consistiu na definição das subcategorias de impacto que foram baseados nas fichas metodológicas de S-LCA disponibilizados pela UNEP/SETAC (2013). Por fim, a avaliação dos indicadores sociais se deu através da metodologia apresentada por Aparcana e Sholfer (2013), a qual atribui sistemas de pontuações mediante ao cumprimento ou não dos critérios sociais apresentados nos indicadores do inventário. Os resultados permitiram identificar que das oito subcategorias de impacto selecionadas, somente duas referentes a “emprego local” e “igualdade de oportunidades” apresentaram o cumprimento dos critérios sociais. As demais seis categorias avaliadas não apresentaram cumprimento dos critérios sociais, sendo elas: “condições físicas de trabalho”, “salário justo”, “satisfação no trabalho e engajamento”, “benefício social/segurança social”, “engajamento da comunidade” e “compromisso público com as questões relacionadas a sustentabilidade”. Em suma, tornou-se possível compreender os aspectos negativos e positivos presentes no contexto de atuação da cooperativa, sendo que a abordagem S-LCA nesse panorama auxiliará na tomada de decisões sobre quais alternativas podem ser conduzidas para melhor o desempenho social da atividade de reciclagem naquela realidade.
Apontamentos
- Não há apontamentos.