A agroindústria familiar no contexto do sistema agrário colonial no Sul do Brasil
DOI:
https://doi.org/10.17058/redes.v25i1.14255Palavras-chave:
Território. Sistema agrário colonial. Agroindústria familiar. Cultivo do tabaco. Dependência. Autonomia.Resumo
A configuração do território rural no sul do Brasil foi fortemente influenciada pela imigração europeia ao longo do século XIX. O sistema agrário colonial, decorrente desse processo, é caracterizado pela pequena propriedade rural, organizada em regime de trabalho familiar, voltada à produção da subsistência do grupo familiar e à venda de excedentes. Os dados apresentados resultam da pesquisa que analisou o processo de constituição e de funcionamento das agroindústrias familiares e suas implicações na dinâmica da organização territorial na região do Vale do Rio Pardo - RS. Por meio da investigação, de caráter analítico-explicativo, buscou-se compreender a interação de fatores de ordem endógena (horizontalidades) e de ordem exógena (verticalidades) no território, uma vez que a região é hegemonizada por grandes complexos transnacionais da indústria do tabaco, que usam o território de forma seletiva, tornando os produtores dependentes de suas estratégias de produção e de comercialização. Os dados coletados apontam dificuldades na formalização das agroindústrias, em decorrência das exigências legais. Do total de agroindústrias identificadas na região, em torno de 40% são formais e 60% estão em processo de formalização ou são informais, condição que limita o acesso ao mercado formal para comercialização da produção.Downloads
Referências
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