Políticas de estado e políticas de governo:
a justiça climática e as estratégias de resposta para a zona costeira brasileira em face à emergência climática
DOI:
https://doi.org/10.17058/redes.v29i1.19668Palavras-chave:
Plano Nacional de Adaptação, Justiça climática, Plano Clima, Zona Costeira, Políticas PúblicasResumo
preocupantes para o Brasil, especialmente para sua extensa zona costeira. Este ensaio analisa a resposta pública brasileira diante dessas ameaças, focando a justiça climática, por meio de dois importantes instrumentos: o Plano Nacional de Adaptação (PNA) de 2016 e o Plano Clima de 2023-2024. A análise revela uma implementação deficiente das ações previstas no PNA e destaca a vulnerabilidade das políticas ambientais brasileiras diante das mudanças administrativas e ideológicas dos governos. O Plano Clima, diferentemente do PNA, incorpora a justiça climática como elemento central, refletindo um avanço significativo na abordagem das desigualdades ambientais. Contudo, sua efetividade dependerá de uma governança contínua e sólida. Este estudo conclui que a adaptação climática no Brasil deve ser fortalecida como uma política de estado, com foco na justiça climática e na mobilização de recursos adequados para enfrentar a emergência climática de maneira justa e eficaz.
Downloads
Referências
ACSELRAD, H. Dimensões políticas do negacionismo ambiental? Interrogando a literatura. Desenvolvimento e Meio Ambiente, v. 60, p. 26, 2022.
ARONOFF, K. et al. Um Planeta a Conquistar: A Urgência de um Green New Deal. São Paulo: Autonomia Literária, 2020. 245 p.
FURTADO, F.; ACSELRAD, H.; PINTO, R. G. ; ASSIS, W. F.; BARROS, J. N. Neoextrativismo e autoritarismo: afinidades eletivas. Antropolítica: Revista Contemporânea de Antropologia, v. 53, p. 165, 2021.
BARBOSA, L. G.; ALVES, M. A. S.; GRELLE, C. E. V. Actions against sustainability: Dismantling of the environmental policies in Brazil. Land use policy, v. 104, p. 105384, 2021.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, 1988.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Estratégia de Zonas Costeiras (Plano Nacional de Adaptação). Brasília, DF: MMA, 2016.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Secretaria de Clima e Relações Internacionais. Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima [recurso eletrônico]: relatório final de monitoramento e avaliação, ciclo 2016-2020. Brasília, DF: MMA, 2021.
BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima: 1º relatório de monitoramento e avaliação 2016 - 2017. Brasília, DF: MMA, 2017.
CAPELARI, M.; MILHORANCE, C.; DE ARAÚJO, S. Desmantelamento da política ambiental brasileira. Sustainability in Debate, Brasília, v. 14, n. 1, p. 20-22, 2023.
DI GIULIO, G. M. et al. Plano Nacional de Adaptação à Mudança do Clima: possibilidades e desafios. Jornal da Ciência, v. 24, n. 1, p. 1, 2016. Disponível em: http://www.jornaldaciencia.org.br/edicoes/?url=http://jcnoticias.jornaldaciencia.org.br/24-plano-nacional-de-adaptacao-a-mudanca-do-clima-possibilidades-e-desafios/. Acesso em: 30 jul. 2024.
FRANCHINI, M.; MAUAD, A. C. E.; VIOLA, E. De Lula a Bolsonaro: una década de degradacíon de la gobernanza climática en Brasil. Análisis Político, v. 33, n. 99, p. 81-100, 2020.
GONÇALVES, L. R.; XAVIER, L. Y.; CORRÊA, M. R.; TURRA, A. Reflexões sobre a adaptação às mudanças climáticas na Zona Costeira no contexto da Macrometrópole Paulista. In: TORRES, P.; JACOBI, P. R.; BARBI, F.; GONÇALVES, L. R. (Orgs.). Governança e Planejamento Ambiental: adaptação e políticas públicas na Macrometrópole Paulista. Rio de Janeiro: Letra Capital, p. 161-170, 2019.
FERREIRA, I. V.; BELANDI C. Censo 2022: informações de população e domicílios por setores censitários auxiliam gestão pública. Agência IBGE, 2022. Disponível em: https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-noticias/2012-agencia-de-noticias/noticias/39525-censo-2022-informacoes-de-populacao-e-domicilios-por-setores-censitarios-auxiliam-gestao-publica. Acesso em: 20 de jul. 2024.
IPCC. Climate Change 2023: Synthesis Report. Contribution of Working Groups I, II and III to the Sixth Assessment Report of the Intergovernmental Panel on Climate Change [Core Writing Team, H. Lee and J. Romero (eds.)]. Geneva, Switzerland: IPCC, 2023 pp. 35-115. Doi: 10.59327/IPCC/AR6-9789291691647.
JINKINGS, I. Apresentação: o golpe que tem vergonha de ser chamado de golpe. In: JINKINGS, I.; DORA, K.; CLETO, M. (Orgs.). Por que gritamos golpe? Para entender o impeachment e a crise política no Brasil. São Paulo: Boitempo, 2016.
KASECKER, T. P.; RAMOS-NETO, M. B.; DA SILVA, J. M. C. et al. Ecosystem-based adaptation to climate change: defining hotspot municipalities for policy design and implementation in Brazil. Mitig Adapt Strateg Glob Change, v. 23, p. 981–993, 2018. Doi: https://doi.org/10.1007/s11027-017-9768-6
LIMA, M. R. S. A dialética da política externa de Lula 3.0. CEBRI-Revista: Brazilian Journal of International Affairs, n. 5, p. 79-95, 2023.
LOSEKANN, C.; PAIVA, R. L. Política Ambiental Brasileira: responsabilidade compartilhada e desmantelamento. Ambiente & Sociedade, v. 27, p. 1-21, 2024.
MENEZES, R. G.; BARBOSA JR., R. Environmental governance under Bolsonaro: dismantling institutions, curtailing participation, delegitimising opposition. Zeitschrift für vergleichende politikwissenschaft, v. 15, p. 229-247, 2021.
MILHORANCE, C. Policy dismantling and democratic regression in Brazil under Bolsonaro: coalition politics, ideas, and underlying discourses. Review of Policy Research, v. 39, n. 6, p. 752-770, 2022.
MORAES, A. C. R. Contribuições para a Gestão da Zona Costeira do Brasil: Elementos para uma Geografia do Litoral Brasileiro. 1. ed. São Paulo: Hucitec/Edusp, 1999.
NEVES, E. M. S. C. Mudança, desmonte de políticas e defesa do meio ambiente no Brasil. Sustainability in Debate, Brasília, v. 14, n. 1, p. 42-57, 2023.
PAJOLLA, M. Desmatamento, multas e garimpo: conheça o "revogaço" ambiental da transição de Lula. Brasil de Fato, 2022. Disponível em: <https://www.brasildefato.com.br/2022/12/23/desmatamento-multas-e-garimpo-conheca-o-revogaco-ambiental-da-transicao-de-lula>. Acesso em: 27 jun. 2024.
PRIEUR, M. O Princípio da Proibição de Retrocesso Ambiental. In: Senado Federal. O Princípio da Proibição de Retrocesso Ambiental. Brasília, DF: Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle, 2012.
RIPPLE, W. et al. World scientists’ warning of a climate emergency. BioScience, n. 1, p. 8-12, 2019.
TANSCHEIT, T. Jair Bolsonaro and the defining attributes of the populist radical right in Brazil. Journal Of Language And Politics, v. 22, p. 324-341, 2023.
TORRES, P. H.; PIRES DE ARAÚJO, G.; TAVARES DE ARRUDA FILHO, M.; CARMO CAVACO, I.; DUNDER, B. Climate Justice Dimensions: Approaching Loss and Damage and Adaptation towards a Just City. Journal of Geographical Research, v. 6, p. 26-44, 2023.
TORRES, P. H. C. et al. Is the Brazilian National Climate Change Adaptation Plan Addressing Inequality? Climate and Environmental Justice in a Global South Perspective. Environ. Justice, v. 13, p. 42-6, 2020.
TORRES, P. H. C.; URBINATTI, A. M.; GOMES, C.; SCHMIDT, L.; LEONEL, A. L.; MOMM, S.; JACOBI, P. R. Justiça climática e as estratégias de adaptação às mudanças climáticas no Brasil e em Portugal. Estudos Avançados (online), v. 35, p. 159-176, 2021.
XAVIER, L. Y.; GUILHON, M.; GONÇALVES, L. R.; CORRÊA, M. R.; TURRA, A. Waves of change: towards ecosystem-based management to climate change adaptation. Sustainability, v. 14, n. 3, p. 1317, 2022.