Cinemas de rua ao longo do Vale do Rio Tijucas (SC): expressões da cultura e marcadores do desenvolvimento regional

Autores

DOI:

https://doi.org/10.17058/redes.v26i0.15676

Palavras-chave:

Desenvolvimento regional. Sala de cinema de rua. Vale do Rio Tijucas (SC).

Resumo

O presente artigo parte de uma investigação sobre o circuito exibidor de cinemas de rua do Vale do Rio Tijucas (SC), localizado no litoral centro-norte catarinense, questionando como aspectos relativos à abertura, ao funcionamento e ao fechamento dessas salas conectam-se com o processo de desenvolvimento regional deste território entre as décadas de 1920 e 1970. Ao longo do Vale do Rio Tijucas, estiveram em funcionamento durante o século XX seis salas de cinema de rua: os Cines Manoel Cruz (1926/193-) e Lohse (195-/19--) em Tijucas; os Cines Canelinha (1956/19--) e Astória (1953/19--), em Canelinha; o Cine São João (196-/1979) em São João Batista e; o Cine Lindoia (1954/19--), em Nova Trento. A hipótese é que a implantação deste circuito é manifestação cultural da sociedade e as salas podem ser abordadas como importantes marcadores do desenvolvimento regional. A análise da formação desse circuito exibidor revela um processo de desenvolvimento regional complexo, com continuidades e descontinuidades históricas, resultado de múltiplas determinações concernentes à configuração regional. Metodologicamente, a pesquisa partiu da ordem próxima, as salas de cinema tomadas em sua particularidade e, a partir de uma análise histórica sobre cada uma delas, chegou-se às questões de ordem mais ampla, ou seja, as questões de desenvolvimento regional. Os levantamentos empíricos foram analisados à luz de pesquisas históricas e teóricas acerca de três campos: o desenvolvimento regional catarinense, a geografia do cinema e o debate acerca da relação entre cinema, cultura e desenvolvimento.

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Biografia do Autor

Renata Rogowski Pozzo, Departamento de Arquitetura e Urbanismo. Universidade do Estado de Santa Catarina.

Bacharel em Geografia pela Universidade do Estado de Santa Catarina (2007) onde defendeu a pesquisa "As cidades da América Latina e as diversidades entre Bogotá-Colômbia e Florianópolis-Brasil" sob orientação da Prof. Maria Graciana E.D. Vieira. Mestre em Desenvolvimento Regional e Urbano pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia da Universidade Federal de Santa Catarina (2010) com a dissertação "Modernidade capitalista em Florianópolis-SC e a dinâmica do Centro Urbano", indicada em 2011 entre as 8 finalistas do Prêmio ANPUR de Planejamento Urbano e orientada pelo Prof. Marcos Aurélio da Silva. Doutora em Geografia na Universidade Federal de Santa Catarina (2015), com a tese "Uma Geografia do Cinema Brasileiro: bloqueios continentais, contradições internas", sob orientação do Prof Marcos Aurélio da Silva. Trabalha principalmente com temas de Geografia Humana: Geografia Urbana, Geografia Cultural, Geografia Industrial, Geopolítica, História Urbana, Planejamento Urbano e Geografia do Cinema. É professora do curso de Arquitetura e Urbanismo e do Programa de Pós-graduação em Planejamento Territorial e Desenvolvimento Socioambiental, na Universidade do Estado de Santa Catarina (campus Laguna).

Luís Eduardo Candeia, Universidade do Estado de Santa Catarina

Graduando em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade do Estado de Santa Catarina.

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Publicado

2021-01-15

Como Citar

Rogowski Pozzo, R., & Candeia, L. E. (2021). Cinemas de rua ao longo do Vale do Rio Tijucas (SC): expressões da cultura e marcadores do desenvolvimento regional. Redes, 26. https://doi.org/10.17058/redes.v26i0.15676

Edição

Seção

Comunicação, Cultura e Desenvolvimento Regional