A geração de conhecimento e as inovações sócio-organizativas da agricultura familiar: O caso de Dom Feliciano, RS
DOI:
https://doi.org/10.17058/redes.v25i1.14100Palavras-chave:
Participação. Atores. Autonomia. Associações. Coopacs.Resumo
Dom Feliciano é um município brasileiro localizado na região Centro-Sul do estado de Rio Grande do Sul. Cerca de 90% da sua população são descendentes de poloneses, e pela sua estrutura populacional e socioeconômica trata-se de um território rural que possui nas atividades agropecuárias, entre elas o tabaco, contribuições importantes ao PIB municipal. No ano 2000 a realidade local se manifestava complexa, através de algumas medições socioeconômicas que colocavam o município nas últimas posições do desenvolvimento socioeconômico estadual. No meio dessa conjuntura, a gênese de um processo social começa a se constituir a partir de um exercício de Planejamento Participativo Municipal (PPM) levado ao município por articuladores da Emater/RS, em 2001. O objetivo do presente trabalho é analisar a geração de conhecimento e a construção de inovações sociais da agricultura familiar em Dom Feliciano ao longo das duas décadas do século XXI. Este trabalho é abordado mediante uma metodologia qualitativa e é baseado num estudo de caso que usa ferramentas de pesquisa etnográfica, apoiando-se na Perspectiva Orientada ao Ator (POA) como referencial teórico-analítico. Foi possível documentar a construção de alguns dispositivos sociais, na forma do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (CMDR) e do Plano Municipal de Desenvolvimento Rural (PMDR), que se revelaram inovações, donde a participação de diversos atores e associações comunitárias promoveram a formação de capital social e de ações organizativas como a Cooperativa Agropecuária Centro-Sul (Coopacs), articulando e materializando as demandas e necessidades comunitárias em torno a uma ideia própria de desenvolvimento local e com autonomia dos atores.Downloads
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