Cidades pequenas, dinâmicas territoriais e mudanças na rede urbana da Região dos Vales-Rio Grande do Sul-Brasil
DOI:
https://doi.org/10.17058/redes.v28i1.18531Palavras-chave:
Cidades pequenas, Rede urbana regional, Divisão territorial do trabalho, Emancipações municipais, Região dos ValesResumo
Analisa-se o papel das cidades pequenas no contexto das dinâmicas urbanas e territoriais e das mudanças que ocorreram na rede urbana da Região do Vales, no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Metodologicamente utiliza-se dados secundários dos estudos do IBGE sobre Regiões de Influência das Cidades (REGIC), elaborados entre 1966 e 2018. Entende-se a rede urbana como o conjunto articulado de centros urbanos através de relações e interações espaciais realizadas através de fluxos materiais e imateriais. Observa-se que a configuração espacial e dinâmica de funcionamento da rede urbana na Região dos Vales, refletem a limitada divisão territorial do trabalho existente na maior parte do território regional, de um lado, e decorrem da intensa fragmentação territorial promovida pelo processo de emancipações municipais, de outro lado. Representando a maioria das cidades da rede urbana regional, as cidades pequenas desempenham funções básicas e de imediato atendimento à população municipal e apresentam importante papel na estruturação da rede urbana regional. Algumas delas, têm ampliado a sua centralidade regional e se destacado na rede urbana através da gestão territorial pública que exercem e dos serviços privados especializados que ofertam na região decorrente dos seus processos de urbanização, condicionados pela dinâmica de desenvolvimento regional das atividades agroindustriais do tabaco e da produção de carne suína e de frango. Destacam-se também as capitais regionais de Santa Cruz do Sul e Lajeado, por exercerem intermediação de fluxos entre a metrópole de Porto Alegre e os centros locais e pela posição central que ocupam na rede urbana regional.
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