AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DE UM SISTEMA DE CAPTAÇÃO E TRATAMENTO DA ÁGUA EM PEQUENA PROPRIEDADE RURAL, ATRAVÉS DE ENSAIOS ECOTOXICOLÓGICOS.

GEANI MOHR, ADRIANA DUPONT, EDUARDO ALEXIS LOBO ALCAYAGA

Resumo


A tendência mais adequada para o tratamento de águas residuárias aponta para ações de reuso, recuperação de energia e nutrientes, especialmente com sistemas descentralizados e de baixos custos operacionais e de implantação, como por exemplo, o uso de wetlands construídos. Neste contexto, o presente trabalho teve como objetivo avaliar a toxicidade aguda do efluente de um sistema de captação e tratamento de água em uma pequena propriedade rural localizada no município de Vera Cruz, RS, de dezembro de 2011 a dezembro de 2012, utilizando a espécie Daphnia magna Straus como organismo-teste. Os processos empregados foram: tratamento primário (Reatores Anaeróbios), tratamento secundário/terciário (Wetlands construídos - WC) e tratamento final (sistema de desinfecção UV). O efluente gerado na residência segue por ação da gravidade para os reatores anaeróbios, e, posteriormente, para o sistema wetlands. A seguir, o efluente é direcionado a uma caixa de passagem de fibra de vidro e encaminhado para o sistema de desinfecção por lâmpadas UV, para então ser reutilizado. Foram coletadas 66 amostras de cinco fases distintas (Bruto - P1, Água da Chuva - P2, Saída do reator UASB - P3, água da rede - P4, Saída do Wetlands - P5 e após a desinfecção lâmpadas UV - P6). Em cada uma das amostras, realizaram-se testes ecotoxicológicos com a espécie D. magna, baseado na mortalidade e/ou imobilidade dos organismos testados, calculando-se a CE (I)50% 48h, Concentração Efetiva Inicial Mediana, concentração da amostra no inicio do ensaio que causa efeito agudo a 50% dos organismos em 48h. Os resultados indicaram que o efluente bruto P1 apresentou uma CE (I)50% 48h de 21 ± 17,8% (n = 11; CV = 85,6%), correspondendo a uma amostra extremamente tóxica. Nos pontos P2 e P3 as amostras apresentaram uma CE (I)50% 48h de 33,1% ± 33,4% (n = 11; CV = 95,6%) e 27 ± 21 % (n =11; CV = 77,8 %), respectivamente, ambos correspondendo a efluentes altamente tóxicos. As amostras do P4 apresentaram uma CE (I)50% 48h média de 68,1% ± 37,4% (n = 11; CV = 54,9%), correspondendo à efluente medianamente tóxico. Entretanto, no P5 (n = 11) e no P6 (n = 11) os efluentes não apresentaram toxicidade. Do ponto de vista da ecotoxicologia, os resultados indicaram que o efluente produzido em uma pequena propriedade rural é extremamente tóxico, uma vez que os pontos P1, P2 e P3 apresentaram-se, respectivamente, extremamente tóxico e altamente tóxico. Com relação ao ponto P3, correspondente ao processo UASB, observou-se que o mesmo foi ineficiente em relação à detoxificação, pois causou toxicidade aguda ao organismo teste, sendo classificada como altamente tóxica. Esta toxicidade é devida, provavelmente, ao elevado nível de nitrogênio amoniacal detectado no efluente proveniente da Estação experimental, uma vez que o efluente é composto basicamente de urina. No P4 não ocorreu a total detoxificação, ficando na faixa de medianamente tóxico, porem a água que abastece a residência em questão é proveniente da estação de tratamento da Cidade, ficando evidente a interferência na avaliação ecotoxicológica. Entretanto, quando este efluente foi direcionado aos pontos P5 e P6 (Wetlands construídos e sistema de desinfecção UV), houve a completa detoxificação do mesmo, indicando que a integração de diferentes métodos de tratamento de efluentes destaca-se como alternativa promissora para a remoção de toxicidade em sistemas de captação e tratamento de água de pequenas propriedades rurais.


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