Uma Sistematização dos Estudos Nacionais em Psicologia Ambiental
DOI:
https://doi.org/10.17058/psiunisc.v3i2.12827Palavras-chave:
Pessoa, Ambiente, Epistemologia, Psicologia Ambiental.Resumo
A Psicologia Ambiental (PA) é uma disciplina que se propõe a estudar a inter-relação entre pessoa-ambiente, a partir da perspectiva de que ambos estão inseridos em um sistema de mútua influência. Ressalta-se que esta pesquisa sucedeu no Laboratório de Psicologia Ambiental (LAPAM/UFSC). Com o objetivo de refletir acerca dos fundamentos epistemológicos dos estudos pessoa-ambiente, este estudo realizou uma análise da produção científica de artigos relacionados com o tema, disponíveis nas bases de dados Scielo, Pepsic, Indexpsi, BVS, LILACS. Utilizou-se os descritores pessoa, ambiente e psicologia ambiental, selecionados segundo os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS). A partir da amostra nacional de 29 artigos científicos, foi verificado que a relação pessoa-ambiente em suas origens adotava uma perspectiva individualista, focada nos efeitos psicológicos que o ambiente causava nas pessoas. Posteriormente, estudou-se a pessoa-ambiente em uma perspectiva interacionista, na qual ambos são unidades separadas e possuem uma relação de causa e efeito. Já a partir de uma visão mais atual, pessoa e ambiente são vistos inseridos em um sistema de inter-relação, em que ambos se definem e se modificam mutuamente. Foi possível identificar que a ontologia atual é materialista, a antropologia é transacionalista e agente e a epistemologia é interacionista e construtivista. Verificou-se que há duas características principais na PA: construção do conhecimento científico a partir da abordagem multimétodos e interdisciplinar. Sugere-se a futuras pesquisas incorporar questões culturais nas investigações pessoa-ambiente, devido ao modo como influencia visões de mundo e construções urbanas e privadas.
Downloads
Referências
Albuquerque, C. A. D., & Albuquerque, U. P. D. (2005). Local perceptions towards biological conservation in the community of vila velha, Pernambuco, Brazil. Interciencia, 30(8), 460-465. Recuperado de https://medioambienteycultura.files.wordpress.com/2014/09/local-perceptions-towards-biological-conservation.pdf.
Albuquerque, D. S., Silva, D. S., & Kuhnen, A. (2016). Preferências Ambientais e Possibilidades de Restauro Psicológico em Campi Universitários. Psicologia: Ciência e Profissão, 36(4), 893-906. doi: 10.1590/1982-3703002972015
Alencar, H. F., & Freire, J. C. (2007). O lugar da alteridade na psicologia ambiental. Revista Mal-Estar e Subjetividade, 7(2), 305-328. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1518-61482007000200005&lng=pt&tlng=pt.
Araújo, C. B. de, & Santos, L. M. M. (2014). Impactos da expansão universitária para moradores de São João Del-Rei. Psicologia & Sociedade, 26(2), 420-429. doi: 10.1590/S0102-71822014000200018
Beyea, S. C., & Nicoll, L. H. (1998). Writing in integrative review. AORN Journal, 67, 877-880. doi: 10.1016/S0001-2092(06)62653-7
Campos-de-Carvalho, M. I. (2003). Pesquisas contextuais e seus desafios: uma contribuição a partir de investigações sobre arranjos espaciais em creches. Estudos de Psicologia (Natal), 8(2), 289-297. doi: 10.1590/S1413-294X2003000200011
Carneiro, C., & Bindé, P. J. (1997). A Psicologia Ecológica e o estudo dos acontecimentos da vida diária. Estudos de Psicologia (Natal), 2(2), 363-376. doi: 10.1590/S1413-294X1997000200010
Corral-Verdugo, V. (2005). Psicologia Ambiental: objeto, "realidades" sócio-físicas e visões culturais de interações ambiente-comportamento. Psicologia USP, 16(1/2), 71-87. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicousp/v16n1-2/24645.pdf
Corrêa, D. A., & Bassani, M. A. (2015). Cuidado ambiental e responsabilidade: possível diálogo entre Psicologia Ambiental e logoterapia. Psicologia em Estudo, 20(4), 639-649. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=287145780012
Elali, G. A. (1997). Psicologia e Arquitetura: em busca do locus interdisciplinar. Estudos de Psicologia (Natal), 2(2), 349-362. doi: 10.1590/S1413-294X1997000200009
Elali, G. A. (2003). O ambiente da escola - o ambiente na escola: uma discussão sobre a relação escola-natureza em educação infantil. Estudos de Psicologia (Natal), 8(2), 309-319. doi: 10.1590/S1413-294X2003000200013
Elali, G. A. (2007). Imagem sócio-ambiental de áreas urbanas: um estudo na Ribeira, Natal-RN-Brasil. Psicologia para a América Latina(10), 0-0. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1870-350X2007000200006&lng=pt&tlng=pt
Farias, T. M., & Pinheiro, J. Q. (2013). Vivendo a vizinhança: interfaces pessoa-ambiente na produção de vizinhanças "Vivas". Psicologia em Estudo, 18(1), 27-36. doi:10.1590/S1413-73722013000100004
Felippe, M. L. (2009). Ambiente pessoal: o papel da personalização na construção de espaços saudáveis. In K. E. Takase, & R. M. Cruz (Eds.), Interações pessoa-ambiente e saúde. São Paulo, SP: Casa do Psicólogo.
Felippe, M. L., & Kuhnen, A. (2012). O apego ao lugar no contexto dos estudos pessoa-ambiente: práticas de pesquisa. Estudos de Psicologia (Campinas), 29(4), 609-617. doi:10.1590/S0103-166X2012000400015
Günther, H. (2003). Mobilidade e affordance como cerne dos Estudos Pessoa-Ambiente. Estudos de Psicologia (Natal), 8(2), 273-280. doi: 10.1590/S1413-294X2003000200009
Günther, H., Elali, G. A., & Pinheiro, J. Q. (2008). A abordagem multimétodos em estudos pessoa-ambiente: características, definições e implicações. In J. d. Q. Pinheiro & H. Günther (Eds.), Métodos de pesquisa nos estudos pessoa-ambiente. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Ittelson, W. H., Proshansky, H. M., Rivlin, L. G., & Winkel, G. H. (2005). Homem ambiental. Série: Textos de Psicologia Ambiental, 14.
Khoury, H. T. T., & Günther, I A. (2008). Ambiente de moradia e controle primário em idosos. Paidéia, 18(39), 53-60. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=305423760006
Kruse, L. (2005). Compreendendo o ambiente em Psicologia Ambiental. Psicologia USP, 16(1/2), 41-46. Recuperado em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/psicousp/v16n1-2/24642.pdf
Kuhnen, A., Felippe, M. L., Luft, C. Di B., & Faria, J. G. de. (2010). A importância da organização dos ambientes para a saúde humana. Psicologia & Sociedade, 22(3), 538-547. doi: 10.1590/S0102-71822010000300014
Lima, D. M., & Bomfim, Z. A. C. (2009). Vinculação afetiva pessoa-ambiente: diálogos na psicologia comunitária e psicologia ambiental. Psico, 40(4), 491-497. Recuperado de https://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=5161393
Lopez, M., Felippe, M. L., & Kuhnen, A. (2012). Lugares favoritos no envelhecimento: Explorando estudos e conceitos. Psicologia Argumento, 30(71), 639-649. doi: 10.7213/psicolargum.v30i71.20137
Luz, G. M., & Kuhnen, A. (2013). O uso dos espaços urbanos pelas crianças: explorando o comportamento do brincar em praças públicas. Psicologia: Reflexão e Crítica, 26(3), 552-560. doi: 10.1590/S0102-79722013000300015
Macedo, D., Oliveira, C. V., Günther, I. A., Alves, S. M., & Nóbrega, T. S. (2008). O lugar do afeto, o afeto pelo lugar: o que dizem os idosos?. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 24(4), 441-449. doi: 10.1590/S0102-37722008000400007
Machado, Y. S., Schubert, P. M. P., Albuquerque, D. da S., & Kuhnen, A. (2016). Brincadeiras infantis e natureza: investigação da interação criança-natureza em parques verdes urbanos. Temas em Psicologia, 24(2), 655-667. doi:10.9788/TP2016.2-14Pt
Marconi, M. A., & Lakatos, E. M. (2017). Fundamentos de metodologia científica (8ª Ed.). São Paulo, SP: Atlas.
Martinez, L. B. A., & Emmel, M. L. G. (2013). Elaboração de um roteiro para avaliação do ambiente e do mobiliário no domicílio de idosos. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, 24(1), 18-27. doi: 10.11606/issn.2238-6149.v24i1p18-27
Moser, G. (1998). Psicologia Ambiental. Estudos de Psicologia, 3(1), 121-130. Recuperado de https://pt.scribd.com/document/213512802/1998-Art-Psicologia-Ambiental-Moser
Pinheiro, J. Q. (1997). Psicologia Ambiental: a busca de um ambiente melhor. Estudos de Psicologia (Natal), 2(2), 377-398. doi: 10.1590/S1413-294X1997000200011
Pol, E. (1993). Environmental Psychology in Europe: from Architectural Psychology to Green Psychology. Aldershot: Avebury.
Pol, E. (2006). Blueprints for a history of environmental psychology (I): From first birth to American transition. Medio Ambiente y Comportamiento Humano, 7(2), 95-113.
Pol, E. (2007). Blueprints for a history of environmental psychology (II): From architectural psychology to the challenge of sustainability. Medio Ambiente y Comportamiento Humano, 8(1/2), 1-28.
Polli, G. M., & Kuhnen, A. (2011). Possibilidades de uso da teoria das representações sociais para os estudos pessoa-ambiente. Estudos de Psicologia (Natal), 16(1), 57-64. doi: 10.1590/S1413-294X2011000100008
Polli, G. M., & Camargo, B. V. (2013). Meio ambiente e água sob a perspectiva da teoria das representações sociais. Psicologia Ciência e Profissão, 33(2), 256-271. Recuperado de http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=282027993002
Porciuncula, A. D. S., & Porto, I. (2014). Envelhecimento, meio ambiente e educação ambiental. Estud. interdiscip. envelhec, 19(2), 453-470. Recuperado de http://www.seer.ufrgs.br/RevEnvelhecer/article/viewFile/39360/32758
Rivlin, L. G. (2003). Olhando o passado e o futuro: revendo pressupostos sobre as inter-relações pessoa-ambiente. Estudos de Psicologia, 8(2), 215-220. doi:10.1590/S1413-294X2003000200003
Ros, J. P., & Cruz, W. F. O. (2011). Memórias do lugar: o turismo na ilha do campeche. Psicologia & Sociedade, 23(3), 625-633. doi: 10.1590/S0102-71822011000300021
Salvador, E. P., Florindo, A. A., Reis, R. S., & Costa, E. F. (2009). Percepção do ambiente e prática de atividade física no lazer entre idosos. Revista de Saúde Pública, 43(6), 972-980. doi: 10.1590/S0034-89102009005000082
Tassara, E. T. O., & Rabinovich, E. P. (2003). Perspectivas da Psicologia Ambiental. Estudos de Psicologia, 8(2), 339-340. doi:10.1590/S1413-294X2003000200018
Tuan, Y.-F. (1983). Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. São Paulo: Difel.
Valera, S. (1996). Psicología Ambiental: bases teóricas y epistemológicas. In L. Iñiguez, & E. Pol (Eds.), Cognición, representación y apropiación del espacio (pp. 1-14). Barcelona: Universidad de Barcelona Publicacions.
Vlek, C. (2003). Globalização, dilemas dos comuns e qualidade de vida sustentável: do que precisamos, o que podemos fazer, o que podemos conseguir?. Estudos de Psicologia (Natal), 8(2), 221-234. doi: 10.1590/S1413-294X2003000200004.
Wiesenfeld, E. (2005). A Psicologia Ambiental e as diversas realidades humanas. Psicologia USP, 16(1/2), 53-69. Recuperado de http://www.scielo.br/pdf/pusp/v16n1-2/24644.pdf.
Zuchiwschi, E., & Fantini, A. C. (2015). Intenção comportamental de agricultores do Oeste de Santa Catarina para a conservação de florestas nativas. Estudos de Psicologia, 20(1), 61-71. Recuperado de http://decubacubawww.redalyc.org/articulo.oa?id=26142192008.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A submissão de originais para este periódico implica na transferência, pelos autores, dos direitos de publicação impressa e digital. Os direitos autorais para os artigos publicados são do autor, com direitos do periódico sobre a primeira publicação. Os autores somente poderão utilizar os mesmos resultados em outras publicações indicando claramente este periódico como o meio da publicação original. Em virtude de sermos um periódico de acesso aberto, permite-se o uso gratuito dos artigos em aplicações educacionais e científicas desde que citada a fonte conforme a licença CC-BY da Creative Commons.